São Paulo, sábado, 14 de julho de 2012

Literatura

O rei da poesia

FERNANDO DE BARROS E SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Escrever poesia é como jogar bola: todo mundo pode fazer e muita gente gosta de fazer. Todo jogo tem sua graça, mas poucos conseguem ser geniais e fazer coisas incríveis, como Neymar.

Na poesia brasileira, Carlos Drummond de Andrade foi o maior de todos. Para mim, ele é o nosso Pelé. Como o rei do futebol, Drummond nasceu lá em Minas, há mais de cem anos. Ele já morreu, mas sem a poesia dele, que ficou, a vida teria muito menos graça.

Um grande poeta faz a gente sentir e pensar coisas que, sem ele, a gente não saberia como dizer. Ele usa as palavras como se brincasse com a bola. Vendo até parece fácil.

Você pode conhecer um pouquinho das artes desse craque no livro "Menino Drummond". São 22 poemas. Num deles, chamado "Quero Me Casar", ele diz:

Procuro uma noiva
loura morena
preta ou azul
uma noiva verde
uma noiva no ar
como um passarinho.
Depressa, que o amor
não pode esperar!

Alguém já viu uma noiva verde? Ou azul? Mas isso é um modo de dizer. É como se ele procurasse uma mulher diferente -livre e independente-, como um passarinho.

Tem outro poema que se chama "Verbo Ser". Começa assim: Que vai ser quando crescer? vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três.

Vale a pena ir até o fim. Hoje muita gente quer ser Neymar quando crescer. Mas eu queria ter sido Drummond.

FERNANDO DE BARROS E SILVA é diretor de Redação da revista "Piauí".

"MENINO DRUMMOND"
AUTOR Carlos Drummond de Andrade
EDITORA Companhia das Letras
PREÇO R$ 36
INDICAÇÃO a partir de 8 anos

Próximo Texto | Índice


Copyright Folha Online. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página
em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha Online.