São Paulo, sábado, 23 de março de 2013

Cafuné

Aranhas (parte 1)

CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA

As Aranhas de Marte tomam chá em suas teias. Elas vivem em cavernas profundas naquele planeta distante.
Como vivem na escuridão. são albinas, brancas como a neve. Até seus pelos são transparentes, mais parecem uma penugem.
Apesar do escuro, elas enxergam direitinho. São muito organizadas e limpinhas, não deixam a poeira marciana entrar em seus ninhos nas profundezas cavernais.
Embora tenham aparência estranha e não muito amigável, as Aranhas de Marte são, no fundo das profundezas de seus corações cavernosos, senhorinhas simpáticas e falastronas, bem parecidas com a sua avó.
Vivem a tricotar e a tecer casaquinhos para as aranhas bebês e competem entre si para decidir quem tem o ponto mais bonito ou eficiente.
A cada tarde, encontram-se em uma caverna diferente, onde organizam chás com muitos petiscos deliciosos que cada uma traz de sua teia: formigas lunares assadas, pastel de lagartas de Vênus, bolinhos de moscas roxas e, em dias de grandes comemorações, preparam o favorito de todas elas: torta de meninos terrestres.
Sério, não estou brincando. É o petisco de que elas mais gostam. Mas é raro encontrar meninos terrestres. Então, quando conseguem por as patas em cima de um, as aranhas comemoram durante dias. E as Aranhas de Marte são comedidas, sabem comer de pouquinho em pouquinho para durar...

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