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Haja pique!
Tem criança que corre porque quer ser atleta, mas tem também a que curte o 'ventinho no rosto'
FotoMIX/Divulgação
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Olha só como o garoto parece voar na Minicorrida Rocinha de Braços Abertos, em janeiro
DO COLUNISTA DA FOLHA
Mateus de Lima trabalha de manhã, estuda à tarde e corre à noite. Com 11 anos, vende balas e amendoins nas saídas da estação Guaianazes do metrô (zona leste de São Paulo); volta para casa e, antes de almoçar e ir para a escola, entrega o dinheiro à mãe.
Guarda um pouco só, para a passagem para ir aos treinos: às segundas, quartas e sextas, corre em uma pista improvisada, pintada no chão de uma rua de Itaquera, na zona leste.
"Uma vez, eu estava passando quase todo mundo e daí tropecei e caí. Levantei e ainda fiquei em segundo, ganhei até troféu."
Cheio de vontade de sempre ser mais rápido, às vezes treina com mais velhos: "Quero ser um atleta, um vencedor de Olimpíada", sonha Mateus.
Para Thomas Filshill, 8, a corrida é só um esporte. "É legal e faz bem", diz ele, que participa de provas na escola. No final do ano, a Corrida da Cidadania recebe a família: o pai, que é maratonista, a mãe e o irmão mais velho, Nicolas, que tem 13 anos.
Martim Arantangy Kessler, 12, está mais ligado no desafio do aqui e agora: "Eu gosto de participar de corrida porque você pensa que é difícil, mas consegue correr bastante e aí logo termina uma prova".
Paulo Boulos Ribeiro dos Santos, 8, corre desde os quatro anos, participando de duas provas por ano. Lembra-se de uma em especial: "A gente ganhou lanche, medalha e tinha uns brinquedos grandões para a gente brincar".
O melhor de tudo, porém, não tem nada a ver com isso: "Quando estou correndo, vem um ventinho no meu rosto".
(RODOLFO LUCENA)
"Na corrida, a gente ganhou lanche, medalha e tinha brinquedos grandões para brincar."
PAULO DOS SANTOS, 8
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