São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004
  Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ATUALIDADES

Madri e a "europeização" do terrorismo

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Exatamente dois anos e meio após os atentados nos Estados Unidos, o terror chega até a Europa. Na manhã do último dia 11 de março, uma série de explosões simultâneas destruiu vários trens na cidade de Madri, causando a morte de mais de 190 pessoas e deixando um saldo de centenas de feridos.
De acordo com o primeiro-ministro José María Aznar, as primeiras suspeitas recaíam sobre o ETA (Euskadi Ta Askatasuna, ou Pátria Basca e Liberdade), movimento separatista e nacionalista que luta pela independência do País Basco. Mas a prisão de um grupo de marroquinos encaminhou as investigações para uma conexão européia da rede terrorista Al Qaeda.
Acusado de omitir informações e mentir aos espanhóis, o PP (Partido Popular) de Aznar foi derrotado pelo PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), liderado por José Luis Rodríguez Zapatero. Eleito, Zapatero declarou que pretende retirar os soldados espanhóis do Iraque e que espera que a ONU (Organização das Nações Unidas) assuma o controle das operações a partir de junho. Washington alertou o futuro premiê da Espanha de que um eventual recuo simbolizaria o triunfo do terrorismo.
É inegável que a vitória dos socialistas na Espanha aponta para uma reordenação geopolítica no cenário da luta contra o terror. De um lado, está a coalizão formada pelos Estados Unidos, pela Inglaterra e pela Itália ou países que defendem uma alternativa militar de combate ao terrorismo. Os "falcões" da Casa Branca estão convencidos de que, por meio de "ataques preventivos", de investimentos em segurança e em inteligência, será possível derrotar os extremistas.
Os europeus, que agora ganham o alinhamento da Espanha, preferem a alternativa política. Como afirma Zapatero, "combater com bombas e mísseis Tomahawk não é a maneira de derrotar o terrorismo. O terrorismo é combatido pelo Estado de Direito".
De acordo com o líder espanhol, além de mobilizar as forças democráticas, é preciso solucionar questões críticas como o conflito israelo-palestino e a devolução do Iraque ao povo iraquiano.


Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br


Texto Anterior: Matemática: A equação da idade ideal para se casar
Próximo Texto: Lista obrigatória: Saída de Camões facilita a leitura
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.