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ATUALIDADES
Madri e a "europeização" do terrorismo
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Exatamente dois anos e meio
após os atentados nos Estados
Unidos, o terror chega até a
Europa. Na manhã do último dia
11 de março, uma série de
explosões simultâneas destruiu
vários trens na cidade de Madri,
causando a morte de mais de 190
pessoas e deixando um saldo de
centenas de feridos.
De acordo com o primeiro-ministro José María Aznar, as primeiras suspeitas recaíam sobre o
ETA (Euskadi Ta Askatasuna, ou
Pátria Basca e Liberdade), movimento separatista e nacionalista
que luta pela independência
do País Basco. Mas a prisão de
um grupo de marroquinos encaminhou as investigações para
uma conexão européia da rede
terrorista Al Qaeda.
Acusado de omitir informações
e mentir aos espanhóis, o PP (Partido Popular) de Aznar foi derrotado pelo PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), liderado
por José Luis Rodríguez Zapatero.
Eleito, Zapatero declarou que pretende retirar os soldados espanhóis do Iraque e que espera que
a ONU (Organização das Nações
Unidas) assuma o controle das
operações a partir de junho.
Washington alertou o futuro
premiê da Espanha de que um
eventual recuo simbolizaria o
triunfo do terrorismo.
É inegável que a vitória dos socialistas na Espanha aponta para
uma reordenação geopolítica no
cenário da luta contra o terror. De
um lado, está a coalizão formada
pelos Estados Unidos, pela Inglaterra e pela Itália ou países que defendem uma alternativa militar
de combate ao terrorismo. Os
"falcões" da Casa Branca estão
convencidos de que, por meio
de "ataques preventivos", de investimentos em segurança e
em inteligência, será possível derrotar os extremistas.
Os europeus, que agora ganham
o alinhamento da Espanha, preferem a alternativa política. Como
afirma Zapatero, "combater com
bombas e mísseis Tomahawk não
é a maneira de derrotar o terrorismo. O terrorismo é combatido
pelo Estado de Direito".
De acordo com o líder espanhol,
além de mobilizar as forças democráticas, é preciso solucionar
questões críticas como o conflito
israelo-palestino e a devolução do
Iraque ao povo iraquiano.
Roberto Candelori é professor do
Colégio Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br
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