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DEU NA MÍDIA
Irã e Coreia do Norte põem tratado em xeque
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
O fantasma da destruição
nuclear volta a rondar o planeta. Irã e Coreia do Norte
desafiam as potências ocidentais e reafirmam o propósito de avançar com os seus
respectivos programas nucleares.
Tudo indica que o Tratado
de Não Proliferação Nuclear,
o TNP, criado com a dupla finalidade de conter a expansão atômica e, ao mesmo
tempo, gerar um ambiente
de cooperação internacional
para a utilização pacífica de
energia nuclear, teve seu
prazo de validade expirado.
Signatário do TNP, o Irã do
presidente Mahmoud Ahmadinejad, afrontou o poder
da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)
em 2006 quando removeu os
lacres de seu centro de pesquisa e anunciou que retomaria seu programa de enriquecimento de urânio.
Órgão responsável pela fiscalização, cujo objetivo é impedir que nações avancem
com seus programas nucleares de "uso pacífico" para a
área militar, a AIEA encaminhou o problema à ONU,
mas Teerã seguiu em frente
com as atividades nucleares.
Acusada pelos EUA de pertencer ao "eixo do mal" ao lado do Irã, a Coreia do Norte,
do líder comunista Kim
Jong-il, surpreendeu o mundo com um novo teste nuclear que, segundo especialistas, foi bem mais potente
que o primeiro, realizado no
ano de 2006.
Kim, que abandonou o
TNP em 2002, depois de
romper relações com Washington, insiste no seu programa nuclear e exige que a
comunidade internacional
reconheça a mais nova potência atômica.
Concebido no final dos
anos de 1960 e ratificado por
mais de 180 países até o final
de 2002, o TNP surgiu para
evitar a multiplicação incontrolável de nações nucleares.
No entanto, as potências
atômicas "oficiais" (EUA,
Rússia, China, Reino Unido e
França), ao permitir que países não signatários do tratado desfrutassem de arsenais
independentes, como é o caso de Índia, Paquistão e Israel, abriram um precedente
perigoso.
E mais, em 2006, a Índia
foi reconhecida "unilateralmente" pelos EUA como potência atômica com direito a
acordo de cooperação.
Fruto de uma barganha diplomática que privilegiou as
potências atômicas da época,
o TNP concedeu direitos especiais aos que realizaram
testes nucleares até 1967.
Os membros do seleto clube atômico nem sequer
abrem suas instalações à fiscalização da AIEA. Pormenor que ilustra uma "assimetria" de origem e reclama um arranjo mais justo entre o rigor da fiscalização aos países
"não nucleares" e o progressivo desarmamento das nações atômicas. Sem isso a paz
é impraticável.
ROBERTO CANDELORI é professor do
colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br
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