São Paulo, terça-feira, 02 de junho de 2009
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DEU NA MÍDIA

Irã e Coreia do Norte põem tratado em xeque

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

O fantasma da destruição nuclear volta a rondar o planeta. Irã e Coreia do Norte desafiam as potências ocidentais e reafirmam o propósito de avançar com os seus respectivos programas nucleares.
Tudo indica que o Tratado de Não Proliferação Nuclear, o TNP, criado com a dupla finalidade de conter a expansão atômica e, ao mesmo tempo, gerar um ambiente de cooperação internacional para a utilização pacífica de energia nuclear, teve seu prazo de validade expirado.
Signatário do TNP, o Irã do presidente Mahmoud Ahmadinejad, afrontou o poder da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) em 2006 quando removeu os lacres de seu centro de pesquisa e anunciou que retomaria seu programa de enriquecimento de urânio.
Órgão responsável pela fiscalização, cujo objetivo é impedir que nações avancem com seus programas nucleares de "uso pacífico" para a área militar, a AIEA encaminhou o problema à ONU, mas Teerã seguiu em frente com as atividades nucleares.
Acusada pelos EUA de pertencer ao "eixo do mal" ao lado do Irã, a Coreia do Norte, do líder comunista Kim Jong-il, surpreendeu o mundo com um novo teste nuclear que, segundo especialistas, foi bem mais potente que o primeiro, realizado no ano de 2006.
Kim, que abandonou o TNP em 2002, depois de romper relações com Washington, insiste no seu programa nuclear e exige que a comunidade internacional reconheça a mais nova potência atômica.
Concebido no final dos anos de 1960 e ratificado por mais de 180 países até o final de 2002, o TNP surgiu para evitar a multiplicação incontrolável de nações nucleares.
No entanto, as potências atômicas "oficiais" (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França), ao permitir que países não signatários do tratado desfrutassem de arsenais independentes, como é o caso de Índia, Paquistão e Israel, abriram um precedente perigoso.
E mais, em 2006, a Índia foi reconhecida "unilateralmente" pelos EUA como potência atômica com direito a acordo de cooperação.
Fruto de uma barganha diplomática que privilegiou as potências atômicas da época, o TNP concedeu direitos especiais aos que realizaram testes nucleares até 1967.
Os membros do seleto clube atômico nem sequer abrem suas instalações à fiscalização da AIEA. Pormenor que ilustra uma "assimetria" de origem e reclama um arranjo mais justo entre o rigor da fiscalização aos países "não nucleares" e o progressivo desarmamento das nações atômicas. Sem isso a paz é impraticável.


ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile

rcandelori@uol.com.br


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