São Paulo, terça-feira, 03 de fevereiro de 2009
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Vale a pena saber

FÍSICA

Por que o lixo espacial não cai sobre nossas cabeças?

HUGO CARNEIRO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

A imagem acima foi divulgada por grande parte da imprensa nacional e internacional em abril de 2008. Nela podemos observar a grande quantidade de satélites e outros objetos que o homem colocou em órbita e que hoje, em sua grande maioria, estão desativados e abandonados no espaço.
Observando a foto, você deve estar se perguntando como todo esse lixo espacial não cai sobre nossas cabeças ou, se em algum momento, isso acontecerá. Pela quantidade de satélites e sondas que podemos ver na imagem, pode-se pensar que a probabilidade de isso ocorrer é bastante alta. E por que isso não acontece?
Para conhecer o motivo, precisamos entender o que significa colocar um objeto como uma sonda ou um satélite em órbita. Quando um objeto desses está em órbita, ele descreve uma trajetória em torno da Terra, aproximadamente circular, com certa velocidade em relação a um observador que podemos supor em repouso na Terra (que também é considerada em repouso).
Em uma trajetória curvilínea, sabe-se que o corpo em movimento tende a sair pela "tangente" se não houver alguma força que o mantenha nessa trajetória. Um automóvel em uma estrada escorregadia que não consegue fazer uma curva por causa da ausência de atrito é um exemplo evidente disto.
A força de atrito de escorregamento lateral, responsável por manter o carro na curva, recebe o nome de força centrípeta e tem direção radial e sentido para o centro da trajetória circular. A tendência de se manter em movimento uniforme é explicada pelo princípio da Inércia de Galileu, que enuncia que todo corpo tende a manter o seu estado de movimento a menos que forças externas passem a atuar ele. É por isso que, se a velocidade do carro for muito alta, a força de atrito não consegue "segurar" o automóvel e ele derrapa, saindo da pista.
No caso do satélite, é a força de atração gravitacional entre ele e a Terra que o mantém em sua trajetória circular, evitando que os efeitos da inércia o tirem de sua órbita. Dessa forma, as sondas e satélites não escapam para o espaço exterior nem caem na Terra, permanecendo "indefinidamente" em órbita. Se o satélite perder velocidade, a força de atração da Terra o trará de volta. Porém, provavelmente ele se desintegrará por causa dos efeitos do atrito do ar na sua reentrada na atmosfera.


HUGO CARNEIRO REIS é doutor em ciências pela USP e professor do colégio Móbile.

hcarneiro123@terra.com.br


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