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Vale a pena saber
FÍSICA
Por que o lixo espacial não cai sobre nossas cabeças?
HUGO CARNEIRO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA
A imagem acima foi divulgada por grande parte da imprensa nacional e internacional em
abril de 2008. Nela podemos
observar a grande quantidade
de satélites e outros objetos
que o homem colocou em órbita e que hoje, em sua grande
maioria, estão desativados e
abandonados no espaço.
Observando a foto, você deve
estar se perguntando como todo esse lixo espacial não cai sobre nossas cabeças ou, se em algum momento, isso acontecerá. Pela quantidade de satélites
e sondas que podemos ver na
imagem, pode-se pensar que a
probabilidade de isso ocorrer é
bastante alta. E por que isso
não acontece?
Para conhecer o motivo, precisamos entender o que significa colocar um objeto como uma
sonda ou um satélite em órbita.
Quando um objeto desses está
em órbita, ele descreve uma
trajetória em torno da Terra,
aproximadamente circular,
com certa velocidade em relação a um observador que podemos supor em repouso na Terra (que também é considerada
em repouso).
Em uma trajetória curvilínea, sabe-se que o corpo em
movimento tende a sair pela
"tangente" se não houver alguma força que o mantenha nessa
trajetória. Um automóvel em
uma estrada escorregadia que
não consegue fazer uma curva
por causa da ausência de atrito
é um exemplo evidente disto.
A força de atrito de escorregamento lateral, responsável
por manter o carro na curva, recebe o nome de força centrípeta e tem direção radial e sentido
para o centro da trajetória circular. A tendência de se manter
em movimento uniforme é explicada pelo princípio da Inércia de Galileu, que enuncia que
todo corpo tende a manter o
seu estado de movimento a
menos que forças externas passem a atuar ele.
É por isso que, se a velocidade do carro for muito alta, a força de atrito não consegue "segurar" o automóvel e ele derrapa, saindo da pista.
No caso do satélite, é a força
de atração gravitacional entre
ele e a Terra que o mantém em
sua trajetória circular, evitando que os efeitos da inércia o tirem de sua órbita.
Dessa forma, as sondas e satélites não escapam para o espaço exterior nem caem na
Terra, permanecendo "indefinidamente" em órbita. Se o satélite perder velocidade, a força
de atração da Terra o trará de
volta. Porém, provavelmente
ele se desintegrará por causa
dos efeitos do atrito do ar na
sua reentrada na atmosfera.
HUGO CARNEIRO REIS é doutor em ciências
pela USP e professor do colégio Móbile.
hcarneiro123@terra.com.br
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