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CARREIRA
Arquivista mergulha na história para ordenar papéis
Trabalho do profissional é facilitar maneira de encontrar documentos
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO
Imagine organizar mais de
100 mil documentos em menos
de três meses. Foi isso que Rafaela Augusta de Almeida, 25,
recém-formada em arquivologia, fez no início deste ano. Ela e
um colega trabalharam durante um trimestre com documentos financeiros.
Agora, Rafaela está organizando o acervo da Secretaria
Estadual da Cultura. E, por "organizar", entende-se: identificar o que são todos os documentos, eliminar os que não
têm mais valor, classificá-los e
criar códigos para que fique
mais fácil encontrá-los.
O trabalho do arquivista deve
ainda ir além dessa organização. "As pessoas pensam que é
pegar os documentos e colocar
no lugar, mas não é", diz Rafaela. "A gente vai atrás da história
da instituição para a qual estamos trabalhando. Temos que
nos aprofundar em detalhes
para separar os documentos e
montar o arquivo."
Segundo o MEC (Ministério
da Educação), há nove faculdades no país que oferecem o curso de arquivologia -em São
Paulo, só a Unesp de Marília
tem o curso, criado em 2003.
O conteúdo dos cursos é bem
teórico, com aulas como história da civilização ibérica, tópicos em organização e tratamento da informação e descrição arquivística. No fim do curso, os alunos têm ainda de cumprir as horas de estágio.
Na Unesp, só uma turma se
formou por enquanto. "Em razão das novas tecnologias, as
pessoas achavam que era só digitalizar um documento e digitar algumas palavras-chaves
sobre ele", diz a coordenadora
do curso, Telma de Carvalho
Madio. "Mas não, agora estão
percebendo que precisa de organização, senão os documentos se perdem e nunca mais são
achados."
Como a procura pelo curso
tem aumentado, a Universidade Federal da Bahia vai ampliar
a oferta de vagas. Hoje, há 45,
no horário vespertino. Em
2009, terá a opção noturna,
com mais 45 vagas. "As pessoas
estão se interessando mais pelo
assunto", diz Rubens da Silva,
vice-diretor do Instituto de
Ciência da Informação do local.
Atuação e salário
As áreas de atuação do arquivista são diversas: pode ser em
órgãos públicos, clínicas médicas, universidades e empresas
privadas, que precisam sempre
organizar dados e documentos
que normalmente ficam empilhados em um canto qualquer.
O salário inicial de um arquivista gira em torno de R$ 1.500.
No Arquivo Público do Estado de São Paulo ainda não há
nenhum arquivista contratado,
mas o coordenador da instituição, Carlos de Almeida Prado
Bacellar, pretende contar com
profissionais formados na área
em breve. Ele está à espera da
abertura de um concurso público para atrair arquivistas. "Entre um matemático [formados
em qualquer área podem concorrer] e um arquivista, é lógico
que a gente prefere o segundo."
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