São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2008
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CARREIRA

Arquivista mergulha na história para ordenar papéis

Trabalho do profissional é facilitar maneira de encontrar documentos

LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO

Imagine organizar mais de 100 mil documentos em menos de três meses. Foi isso que Rafaela Augusta de Almeida, 25, recém-formada em arquivologia, fez no início deste ano. Ela e um colega trabalharam durante um trimestre com documentos financeiros.
Agora, Rafaela está organizando o acervo da Secretaria Estadual da Cultura. E, por "organizar", entende-se: identificar o que são todos os documentos, eliminar os que não têm mais valor, classificá-los e criar códigos para que fique mais fácil encontrá-los.
O trabalho do arquivista deve ainda ir além dessa organização. "As pessoas pensam que é pegar os documentos e colocar no lugar, mas não é", diz Rafaela. "A gente vai atrás da história da instituição para a qual estamos trabalhando. Temos que nos aprofundar em detalhes para separar os documentos e montar o arquivo."
Segundo o MEC (Ministério da Educação), há nove faculdades no país que oferecem o curso de arquivologia -em São Paulo, só a Unesp de Marília tem o curso, criado em 2003.
O conteúdo dos cursos é bem teórico, com aulas como história da civilização ibérica, tópicos em organização e tratamento da informação e descrição arquivística. No fim do curso, os alunos têm ainda de cumprir as horas de estágio.
Na Unesp, só uma turma se formou por enquanto. "Em razão das novas tecnologias, as pessoas achavam que era só digitalizar um documento e digitar algumas palavras-chaves sobre ele", diz a coordenadora do curso, Telma de Carvalho Madio. "Mas não, agora estão percebendo que precisa de organização, senão os documentos se perdem e nunca mais são achados."
Como a procura pelo curso tem aumentado, a Universidade Federal da Bahia vai ampliar a oferta de vagas. Hoje, há 45, no horário vespertino. Em 2009, terá a opção noturna, com mais 45 vagas. "As pessoas estão se interessando mais pelo assunto", diz Rubens da Silva, vice-diretor do Instituto de Ciência da Informação do local.

Atuação e salário
As áreas de atuação do arquivista são diversas: pode ser em órgãos públicos, clínicas médicas, universidades e empresas privadas, que precisam sempre organizar dados e documentos que normalmente ficam empilhados em um canto qualquer.
O salário inicial de um arquivista gira em torno de R$ 1.500.
No Arquivo Público do Estado de São Paulo ainda não há nenhum arquivista contratado, mas o coordenador da instituição, Carlos de Almeida Prado Bacellar, pretende contar com profissionais formados na área em breve. Ele está à espera da abertura de um concurso público para atrair arquivistas. "Entre um matemático [formados em qualquer área podem concorrer] e um arquivista, é lógico que a gente prefere o segundo."


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