São Paulo, terça-feira, 03 de novembro de 2009
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UNESP

Mudança deixou exame mais complexo e interdisciplinar

Principal diferença com o Enem é a correção; na Unesp ela não é antichute

Patrícia Araújo/Folha Imagem
Beatrice Menezes, 17, vai prestar Geografia na Unesp

PATRÍCIA GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL

Questões interdisciplinares, 90 testes em um dia, cada um com cinco alternativas, cobrança de disciplinas como filosofia e educação física. Essa descrição, que muito se parece com a do novo Enem, é também o que os 76.494 inscritos na Unesp vão encarar neste domingo.
Com o processo de reformulação iniciado em 2007 e, principalmente, com as mudanças anunciadas no início do ano, o vestibular da Unesp ganhou complexidade: deixou de ser realizado em fase única e passou a ser dividido em duas etapas (veja quadro ao lado).
É a primeira fase, de caráter eliminatório, que tem semelhanças importantes com o Enem. Tânia Macedo de Azevedo, diretora acadêmica da Vunesp (organizadora do vestibular da Unesp), concorda com essa semelhança. "Como o Enem, a Unesp também segue os Parâmetros Curriculares Nacionais por eixos, e não por disciplinas, e há questões interdisciplinares." Ela diz que essa divisão é a tendência dos grandes processos seletivos.
A primeira fase da Fuvest já inclui questões interdisciplinares, mas não é dividida por eixos temáticos e exige conhecimento muito mais aprofundado que o Enem. Já a Unicamp tem um vestibular completamente diferente do exame do MEC: é todo dissertativo e dividido por disciplinas. A universidade, porém, cogita alterações nesses aspectos para 2010.
Tânia, no entanto, aponta uma diferença importante entre os dois exames: a Unesp opta pela teoria clássica de correção da prova objetiva, segundo a qual todas as questões têm o mesmo valor. Já o Enem usa a TRI (Teoria de Resposta ao Item), método antichute que dá peso diferente de acordo com a dificuldade da questão.
Para a professora, a forma tradicional de correção é mais eficaz no vestibular da Unesp, cuja intenção é selecionar o melhor candidato. Já no Enem, que se propõe a fazer um diagnóstico do ensino médio, Tânia considera a TRI mais indicada. "Com ela, os erros têm uma explicação pedagógica."
Vera Lúcia Antunes, coordenadora-geral do cursinho Objetivo, crê que essa semelhança entre Enem e Unesp seja a expressão de um fenômeno maior. "Os vestibulares tendem para isso: ver se o aluno é capaz de pensar e interpretar."
Dentre as três estaduais paulistas, a prova da Unesp sempre foi tida como "a mais tranquila": era longa, contextualizada, mas não exigia conhecimentos muito aprofundados. Neste ano, porém, essa perspectiva é incerta. Para Vera, é cedo para especular sobre a prova. "Mas o que eu posso dizer é que só lendo o texto [da pergunta] não vai ser possível resolver a questão [como acontece em alguns casos no Enem]. A primeira fase vai exigir conteúdo", afirma.
Beatrice Menezes, 17, que se define como uma "garota de natureza ansiosa", mal pode esperar por domingo, quando prestará geografia na Unesp de Rio Claro. Mas apesar da ansiedade, ela está otimista: "Eu acredito que no ano que vem estarei na Unesp."


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