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HISTÓRIA
A subordinação do Brasil ao mercado mundial
ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
George Soros, um grande investidor norte-americano, informou-nos recentemente, de forma bastante didática, que no mundo
globalizado os brasileiros não votam, só os americanos votam. Podemos entender, portanto, que, atualmente, o povo brasileiro perdeu a liberdade de escolher o seu presidente. Essa tarefa caberia,
agora, aos fundos de investimentos norte-americanos. O poder
imenso do mercado mundial sobre os destinos do nosso país não
é um fenômeno novo. Assumiu
inúmeras formas e variou de grau
e intensidade ao longo da história.
A primeira forma específica de
subordinação do território brasileiro ao mercado mundial remonta à fase da conquista e denominava-se sistema colonial. Constituía-se num conjunto de relações
de subordinação exercidas pela
metrópole sobre as colônias.
Baseava-se no pacto colonial, isto é, na exclusividade comercial
entre a metrópole e a colônia, que
possibilitava a obtenção do lucro
máximo, pois a metrópole vendia
pelo preço mais alto e comprava
dos colonos pelo valor mais baixo. Assim, o sistema contribuía
para a promoção do acúmulo de
capitais na metrópole e cumpria o
principal objetivo do receituário
econômico adotado pelas monarquias européias, o mercantilismo.
No Brasil, do ponto de vista administrativo, o domínio começou
a ser organizado com a criação do
sistema de capitanias hereditárias. Os territórios foram divididos em 15 lotes, que compreendiam 14 capitanias, e foram entregues a 12 donatários. O sistema
era regulamentado por dois documentos: a carta de doação (definia as condições da posse e as regras de transferência das capitanias) e o foral (estabelecia os poderes dos donatários, regras de
concessão de sesmarias e as rendas dos donatários e da coroa).
Não foi bem-sucedido e, em 1548,
foi substituído pelo governo geral.
O governo geral organizava-se a
partir de quatro cargos-chaves: o
governador-geral (indicado pelo
rei), o provedor-mor (responsável pelas finanças), o ouvidor-mor (Justiça) e o capitão-mor (segurança interna e defesa). Na esfera local, foram criadas as Câmaras municipais, para as quais
eram eleitos os homens mais influentes e ricos das vilas (cidades),
denominados homens-bons. Por
serem órgãos de representação local, as Câmaras tenderam, ao longo da fase colonial, a expressar os
interesses dos colonos, pondo em
evidência, em algumas circunstâncias, conflitos com os interesses metropolitanos.
Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As
Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e
professor no Colégio Rio Branco e na
Universidade Grande ABC
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