ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

"A paz requer uma nova e diferente liderança palestina." Com essas palavras, o presidente George W. Bush descartou Iasser Arafat das negociações para a criação do Estado palestino.
O controvertido líder Arafat nasceu provavelmente no Cairo, em agosto de 1929, e cresceu num ambiente de intenso nacionalismo, na região de Gaza. Presenciou a partilha da Palestina pela ONU, em 1947, e o surgimento do Estado de Israel. Acompanhou a derrota árabe na Guerra da Independência (1948-49) e a expulsão dos palestinos de sua terra.
Em 1950, decidiu voltar ao Egito e matricular-se num curso de engenharia civil na Universidade do Cairo. Destacou-se como líder estudantil e empenhou-se na luta pela libertação da Palestina. Ao receber o diploma, em 1956, apresentou-se ao Exército egípcio para enfrentar ingleses, franceses e israelenses na Guerra de Suez. Desapontado com a nova derrota árabe, partiu para o Kuait.
Acumulou fortuna à frente de uma empreiteira, mas acreditava que sua missão era lutar em prol dos palestinos. Em 1959, criou o Fatah, um movimento de libertação nacional partidário da luta armada contra Israel. O surgimento da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), em 1964, representou um novo impulso na luta de resistência, sobretudo depois que Arafat assumiu seu comando, em 1969. Quando os países árabes reconheceram a OLP como a "representante legítima do povo palestino", em 1974, Arafat compareceu à ONU e sentenciou: "Hoje eu trago um ramo de oliveira e a arma de quem luta pela paz. Não deixem que o ramo de oliveira caia das minhas mãos".
Há mais de 50 anos, os refugiados esperam uma solução para a questão Palestina. Apesar disso, Bush descarta Arafat. Esqueceram-se de avisá-lo de que a escolha de seu líder é um direito inalienável do povo palestino.