São Paulo, terça-feira, 04 de dezembro de 2007
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CARREIRA

Geologia vai além da mineração

Profissional estuda recursos minerais, do petróleo à água, e analisa questões ambientais

INGRID TAVARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É difícil imaginar que, até pouco tempo atrás no Brasil, quem quisesse entender melhor a formação do planeta Terra -que têm cerca de 4,5 bilhões de anos- teria de esperar o mineiro Juscelino Kubitschek virar presidente. Há cerca de 50 anos, foram abertos os primeiros cursos de geologia no país, no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e em São Paulo. Antes disso, para estudar essa ciência, o aluno deveria sair do país ou se contentar com os poucos cursos de especialização da área na época.
Quem conta isso é um dos 24 formandos da primeira turma de geologia da USP (Universidade São Paulo), em 1960, Celso de Barros Gomes, hoje professor titular do Instituto de Geociências da universidade.
"Antes disso, nos idos de 1950, a geologia era desenvolvida por naturalistas ou por engenheiros da Poli e de Minas Gerais, um grande centro formador na época."
Gomes acompanhou de perto as transformações do curso, que, no começo, tinha como objetivo ajudar na construção e ampliação de rodovias. "Houve uma consciência e um esforço do governo federal para formar profissionais especializados. Era indispensável na época."
Com a entrada de geólogos no mercado, nos anos 60, houve o desenvolvimento na área da mineração -hoje um dos setores mais tradicionais.
Mas o campo de atuação do geólogo é bem maior do que o setor de mineração e o de engenharias (no levantamento e mapeamento do solo, necessário na construção de rodovias e barragens, por exemplo). Há também a prospecção de recursos minerais, como petróleo, gás e água, trabalho de pesquisa em laboratório ou no escritório e atividades na área ambiental.
"Na década de 90, já começam a aparecer as preocupações de ordem ambiental, campo que, cada vez mais, vai receber recursos e profissionais, invariavelmente", afirma Gomes.

Ambiente
Não é à toa que o geólogo é reconhecido como um dos profissionais que melhor dominam os conhecimentos sobre as interações do ser humano com o ambiente.
Como explica Márcio Martins Pimentel, professor titular do Instituto de Geociências da UnB (Universidade de Brasília), a geologia "é uma ciência integradora de conhecimento, que reúne várias áreas".
Pode-se esperar, portanto, durante as aulas do curso, muita aplicação dos conhecimentos de física, química, biologia e também matemática.
Mas não pense que o estudante dessa área vai ficar parado, atrás de uma carteira, fazendo contas e aplicando fórmulas. Há muitas aulas práticas e trabalho de campo nos cinco anos da graduação -geralmente, em período integral.
"O aluno tem uma visão muito ampla do planeta Terra, tanto por um viés acadêmico, com pesquisa, quanto por um viés aplicado do conhecimento da geologia, com o trabalho de campo, presente desde o primeiro ano do curso", afirma o professor Pimentel.
E para quem ainda reluta para escolher a carreira, Gomes recomenda: "O aluno deve gostar de viajar. É imprescindível que o geólogo, desde a faculdade, percorra o país, sempre".


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