|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ATUALIDADES
Alca, nova versão da Doutrina Monroe
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Partidos políticos, entidades ligadas aos movimentos populares e ONGs (organizações não-governamentais) estão promovendo uma campanha nacional
contra a participação do Brasil na
Alca (Área de Livre Comércio das
Américas). Desde o dia 1º até o
próximo sábado, está sendo realizado um plebiscito sobre a adesão
do país ao polêmico tratado, que
resiste às pressões dos EUA, que
desejavam sua implementação já
neste ano. O resultado da consulta
será enviado ao governo brasileiro antes da reunião em Quito
(Equador), onde será discutido o
futuro do mercado.
A articulação da Alca começou
formalmente em dezembro de
1994, na Cúpula das Américas em
Miami, com a presença de 34 líderes de países do continente, exceto de Cuba. Naquela ocasião, foi
assinada uma carta de intenções,
visando à criação de uma área de
livre comércio que comportaria
uma população de cerca de 830
milhões de habitantes, com um
PIB (Produto Interno Bruto) estimado em US$ 13 trilhões. O então
presidente Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso (presidente eleito naquele ano) assinaram o compromisso de adesão.
Na Cúpula das Américas em
Québec (abril de 2001), mesmo
contra o desejo dos EUA, ficou
mantido o calendário original:
negociações até o final de 2004,
ratificação pelos respectivos parlamentos em 2005 e, finalmente, a
implantação a partir de 2006.
A Alca tem despertado discussões. Alguns defendem que se trata de um projeto estratégico dos
EUA para consolidar sua hegemonia econômica e política sobre
a América. Do outro lado, argumenta-se que é preciso negociar e
defender um projeto alternativo,
mais favorável ao Brasil. A verdade é que Washington procura garantir sua reserva de mercado,
protegendo-se da ameaça européia. Tudo leva a crer que estamos
diante de uma versão atualizada
da Doutrina Monroe (1823), visto
que, para o atual mandatário da
Casa Branca, "a América continua sendo para os americanos".
Roberto Candelori é coordenador da Cia de Ética, professor da Escola Móbile e do Objetivo. E-mail: rcandelori@uol.com.br
Texto Anterior: Geografia: Os significados das siglas e o vestibular Próximo Texto: História: A conquista do norte mexicano Índice
|