São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2010
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Estudantes sofrem com a outubrite

O mês de outubro traz à tona medos, dúvidas e aflições dos vestibulandos

Daniel Marenco/Folhapress
André Koloszuk, que toca guitarra
para aliviar a tensão


GUILHERME VOITCH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

São raros os convites aceitos pela vestibulanda Maria Clara Paiva Garcia, 18, para sair com os amigos. "No máximo, vou comer uma pizza", diz a estudante, que está no primeiro ano de cursinho.
Enquanto os amigos saem para dançar, Maria Clara vê filmes em casa. Os DVDs se tornaram seus únicos momentos de lazer. No resto do tempo, a menina só estuda, "se estressa e chora", segundo suas próprias palavras.
A aflição, que teve início no começo do ano, foi se intensificando e chegou ao extremo com os últimos dias de inscrições para a Fuvest.
Maria Clara, que queria tentar vestibular para direito, foi chorando e pensando, até trocar de opção. Acabou escolhendo ciências sociais.
"Fiz orientação vocacional, mas não tenho certeza. Acho que só na faculdade mesmo dá para ver se o curso é o que a gente quer", diz, tornando clara a sua indecisão.
O drama enfrentado por Maria Clara é tão comum que ganhou até nome dos educadores. É a outubrite.
"É nossa conhecida [outubrite]. As inscrições dos vestibulares acabam e as dúvidas aparecem", diz Tadeu Terra, diretor de material do Sistema COC de Ensino.
Segundo ele, as crises de outubro surgem por duas razões: o peso de decidir a carreira a ser seguida e o questionamento sobre o aprendizado das disciplinas.
Para a psicóloga e orientadora vocacional Maria Stella Sampaio Leite, dúvidas e cansaço são normais nesta época do ano. "O vestibular é uma etapa de teste e, como tal, exige certa dose de tensão", diz a especialista.
O problema, segundo ela, ocorre quando a ansiedade foge do controle. "Vestibular não é questão de vida ou morte. É preciso estudar, mas também é necessário saber que talvez não dê certo."
O diretor do COC tem visão semelhante. Segundo Terra, o vestibulando passa a ver a aprovação como uma obrigação familiar. "O vestibulando acredita que não passar significa decepcionar a família. É muito peso e uma hora o estudante não aguenta."


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