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      São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2003
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FÍSICA

A revolução dos supercondutores

TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Toda usina hidrelétrica, como Itaipu, por exemplo, desperdiça, sob forma de calor, até 20% da energia produzida. No trajeto entre a usina e o consumidor, ocorre uma dissipação da energia elétrica devido à resistência elétrica dos fios metálicos que conduzem eletricidade. Verifica-se experimentalmente que a resistência elétrica (R) de fios e barras é diretamente proporcional ao comprimento (L) desses condutores e inversamente proporcional à área de sua secção transversal (A).
A resistência elétrica é calculada por: R = .L/A, em que a resistividade () é característica do material de que são feitos esses condutores e expressa a maior ou a menor fluidez com que a corrente elétrica atravessa determinado material. Para a maioria dos metais, a resistividade aumenta com a temperatura, mas, quando a temperatura é reduzida e se aproxima do zero absoluto (zero kelvin = - 273C), ocorre um caso particularmente importante.
Em 1911, o físico holandês Heike Onnes, um dos pioneiros no desenvolvimento de técnicas para o resfriamento de materiais, pesquisou a resistividade elétrica do mercúrio e percebeu que esse material perdia a sua resistência elétrica de forma completa e abrupta ao ser resfriado abaixo de 4K (-269C). Ele denominou "supercondutividade" esse estado de resistência zero. Para produzir tal efeito, o material deve ser resfriado abaixo de uma determinada temperatura, característica de cada material, e, quanto mais baixa é essa temperatura, maior é o custo de sua refrigeração.
Desde 1986, têm sido descobertas cerâmicas feitas com óxidos de certos elementos, como bário, lantânio, ítrio, cobre e outros, que se tornaram supercondutoras a temperaturas bem mais altas (-143C), um resultado animador para a viabilidade econômica da supercondução.
Outra característica notável de um supercondutor é a impermeabilidade magnética, ou seja, ele é capaz de repelir um campo magnético externo e consegue fazer, por exemplo, com que um ímã permanente "levite" sobre a sua superfície. Esse fato permite conceber o seu uso para suspender trens que poderão desenvolver altíssimas velocidades, flutuando sobre trilhos magnetizados.
O russo Alexei Abrikosov, um dos três vencedores do Prêmio Nobel deste ano, que lhe foi concedido por sua contribuição inovadora à teoria dos supercondutores, disse que as aplicações futuras desses materiais serão tão extraordinárias que todo o estilo de vida e os equipamentos que usamos irão mudar por completo.


Tarso Paulo Rodrigues é professor e coordenador de física do Colégio Augusto Laranja


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