|
Próximo Texto | Índice
VALE TUDO
Técnica para melhorar a memória está entre apostas
Por aprovação, vestibulandos tentam métodos alternativos ao livro didático
Alex Almeida/Folha Imagem
|
|
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com apenas 15 anos, mas já
pensando nos desafios do vestibular, o estudante Gustavo
Koiti Arakaki começou neste
ano a estudar na escola Método
Supera, que ensina um tipo de
ginástica cerebral. Ele acha que
tem a "memória meio fraca" e
quer treinar para evitar problemas de memorização quando
os vestibulares chegarem.
"Eu quero chegar lá com o raciocínio mais rápido", diz. Para
isso, durante duas horas semanais, ele faz exercícios com o
ábaco -instrumento oriental
que faz operações matemáticas- e atividades que exercitam o cérebro, como escrever
uma frase de trás para a frente.
O Supera foi criado há três
anos por Antônio Carlos Perpétuo. Ele começou a pesquisar
como poderia ajudar o filho,
que tinha dificuldades na escola. Descobriu o ábaco e fez com
que o filho treinasse cálculos
no instrumento. Viu que a atividade deu resultado e decidiu
ensiná-la a outras pessoas. Procurou outros exercícios que
também exercitassem a mente
e abriu a escola Método Supera,
que já tem 300 alunos em 12
unidades no país.
"Hoje, é difícil se sobressair
no vestibular. Qualquer vestibulando que se leve a sério estuda umas 13 horas por dia", diz
Perpétuo. "Ele acaba fazendo
dois, três anos de cursinho. E aí
entra o Supera, que ajuda a absorver conteúdo."
A técnica, porém, gera controvérsias. Para Eliel Barbosa
da Silva, diretor do cursinho
Elite Pré-Vestibular, métodos
como o Supera valem, mas não
são tão eficientes. "Claro que
qualquer treino é bom para o
vestibulando, mas o pouco
tempo que ele tem deve ser investido no conteúdo das provas", diz. "Exercitar a mente
contribui indiretamente no
vestibular. Então, é melhor gastar tempo com estudo, que contribui diretamente." E completa: "Não existe magia no vestibular. Tem que estudar".
Assim como Perpétuo, criador do Método Supera, o Kumon também surgiu das preocupações de um pai com o seu
filho. A técnica, seguida hoje
por pelo menos 100 mil brasileiros, consiste em dar independência ao aluno, que, sem
ajuda de um professor, precisa
resolver exercícios.
Outro método que promete
ajudar a vida dos candidatos
aos principais vestibulares é a
arrumação de quarto para estudantes. Percebendo que muitos
de seus pacientes não conseguiam estudar porque tinham o
quarto bagunçado, a psicóloga
Celi Piernikarz passou a oferecer um serviço extra: atende
aos vestibulandos em seu consultório, e, a partir das preocupações e necessidades deles,
instrui uma de suas assistentes,
que vai até a casa do vestibulando e arruma, junto com ele,
o seu quarto.
"Muitas vezes o vestibulando
não estuda porque não consegue, não é nem porque não
quer", diz a psicóloga. "Ele tenta, mas não tem nem um lugar
apropriado para se dedicar ao
vestibular. Nós vamos lá e resolvemos isso."
"Outubrite"
Nesta época, a menos de dois
meses das grandes provas, a ansiedade aumenta, e os alunos
costumam ser acometidos por
uma "doença" conhecida nos
cursinhos como "outubrite".
A aposta para driblar a síndrome do mês de outubro de
Alessandra Weinmann, 20, pelo terceiro ano no cursinho Anglo, é a ajuda das "cartolinas de
estudo", que ela confeccionou
metodicamente durante o ano.
Incitada pelas fichas de estudo
que professores aconselham a
fazer, ela foi mais radical e começou a passar a matéria em
cartolinas. Desde o começo do
ano, já fez mais de 35. "Vou usá-las para fazer revisão", diz ela.
Próximo Texto: Frases Índice
|