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MATEMÁTICA
Teoria dos grafos e o planeta "pneu"
JOSÉ LUIZ PASTORE MELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Um dos quebra-cabeças mais antigos e populares é tentar ligar água, luz e telefone em três casas sem que haja cruzamento entre as ligações. Na figura 1, você pode observar uma tentativa de
resolução do problema malsucedida devido ao cruzamento da ligação de luz da casa 3 com a de telefone da casa 2. Se você ainda não
conhece esse quebra-cabeça, sugiro que pegue um papel e faça
suas tentativas antes de prosseguir na leitura deste artigo.
Problemas semelhantes a esse
são estudados em um ramo da
matemática chamado teoria dos
grafos, com aplicações no planejamento de rotas aéreas, malha
rodoviária das grandes cidades
etc. Um dos mais antigos problemas de grafos que se conhece foi
estudado pelo matemático suíço
Leonhard Euler (1707-1783) durante o período em que ele morava na cidade de Köningsberg, antiga Prússia. O problema consistia
em decidir se existia ou não um
caminho no qual os moradores da
cidade pudessem passear pelas
sete pontes que ligavam as margens do rio Pregel a duas ilhas sem
passar duas vezes pela mesma
ponte. Na ocasião, Euler demonstrou a não-existência de tal caminho, introduzindo algumas idéias
que estão na origem do que se
chama hoje teoria dos grafos.
O problema que propomos é de
natureza semelhante ao resolvido
por Euler, o que implica dizer que
não possui solução no plano.
Mesmo que levemos em consideração a forma aproximadamente
esférica da Terra, ele continua
sem solução. Um fato surpreendente resgata o interesse do problema se tentarmos resolvê-lo sobre uma superfície semelhante à
câmara cheia de um pneu. Como
mostra a figura 2, se vivêssemos
em um planeta em forma de
"pneu", o problema das ligações
teria uma belíssima solução sem
cruzamento de linhas.
José Luiz Pastore Mello é licenciado
em matemática e mestrando em educação pela USP.
E-mail: jlpmello@uol.com.br
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