São Paulo, terça-feira, 08 de setembro de 2009
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ESCOLHA DA CARREIRA

Orientação ajuda jovem a se conhecer

Trabalho de orientadores profissionais acontece em encontros em grupo ou individuais


Letícia Moraes/Folha Imagem
A estudante Paula Ferreira, 18, participa de atividade em grupo de orientação profissional

NATÁLIA SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com a maior oferta de tipos de graduação, a orientação vocacional teve de se adaptar e mudou até no nome.
"Não se usa mais o termo orientação vocacional, e sim profissional", afirma Marcos Vono, vice-presidente da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais e diretor de recursos humanos e carreiras do Grupo Ibmec.
"Ninguém nasce com vocação. A profissão é uma opção construída de acordo com a sua realidade e a do seu país, além da oferta de cursos existente. Há 20 anos, ninguém tinha vocação para gastronomia", diz.
O tradicional questionário sobre preferências pessoais continua presente nas atividades, mas hoje ele é apenas o passo inicial.
No processo atual, a orientação acontece durante encontros que podem ser em grupo ou individuais. Há opções gratuitas, mas em outras os preços variam de R$ 500 a mais de R$ 1.000, dependendo da quantidade de encontros (veja mais informações no quadro).
Nessas ocasiões, o estudante participa de dinâmicas para conhecer melhor a si mesmo, as profissões e o mercado.
"Cada sessão tem um objetivo. Quando vamos falar das profissões, dividimos os jovens em dois grupos e formamos uma espécie de tribunal, em que eles têm de convencer o juiz de que sabem o que fazem. Nessa hora, é preciso descrever a profissão, e no meio muitos percebem que não conhecem direito as carreiras a que aspiram", conta Silvio Duarte, da Nace Consultoria.
De acordo com a psicóloga Flavia Marques, do Instituto Colmeia, é preciso que o jovem reflita sobre suas características pessoais e valores. "O jovem deve se perguntar: "Essa escolha é minha ou estou seguindo meus amigos ou a família? O que eu pretendo, qual o meu projeto de vida?'", aconselha.
Aluna do terceiro ano do colégio Santa Cruz, Paula Ferreira, 18, adiou a decisão até o fim das férias de julho. Dividida entre os cursos de medicina e publicidade, ela procurou orientação no Instituto Colmeia e agora já planeja sua inscrição na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
"Gostei das atividades em grupo, pois é bom saber que tem mais gente passando por isso. Em uma delas, o grupo leu cartelas com a descrição de mais de cem profissões. A partir daí, fomos escolhendo o que tinha mais a ver com a gente, até sobrarem umas dez para cada pessoa. Descartei medicina ao saber que é preciso sacrificar tempo com a família", diz.
Para Ivelise Fortim, orientadora profissional do site IKWA -dedicado a carreiras e ao mercado de trabalho-, os estudantes têm uma visão superficial dos cursos e precisam aprofundar seus conhecimentos sobre a oferta e o mercado.
"Há 20 anos existiam cerca de 30 cursos, e hoje são mais de 250. Os jovens ficam muito perdidos. Por isso, é preciso se informar ao máximo sobre o dia a dia das profissões, e não escolher uma carreira apenas pelo nome que ela tem", recomenda Ivelise. "Já conheci casos de estudantes de enfermagem que só descobriram na faculdade que o turno de trabalho era de 12 horas."
Os orientadores profissionais também concordam que a escolha não deve se guiar apenas pela questão financeira. "Não dá para escolher uma carreira só porque ela dá dinheiro. Lá na frente, o estudante acaba repensando a sua opção", diz Marcos Vono.
Já Sergio Duarte diz que outro erro é escolher a profissão por causa dos pais. "Escolher a mesma carreira dos pais só é válido se o jovem se identificar com ela. Caso contrário, é uma péssima decisão", afirma.


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