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SOLIDARIEDADE
Ministrar aulas requer disposição e tempo livre
QUEM PENSA EM ENSINAR OUTROS VESTIBULANDOS DEVE SABER QUE ATIVIDADE EXIGE RESPONSABILIDADE
DA REPORTAGEM LOCAL
A desigualdade de oportunidades, que faz com que alguns
possam estudar em cursinhos caros e outros tenham uma formação deficiente, sempre incomodou Danilo Pereira Pinseta, 29. "O
fato de alguns entrarem e outros
não é causado pela desigualdade,
não é por falta de competência",
diz o estudante.
Formado em veterinária pela
USP, há três anos ele começou a
dar aulas de biologia como voluntário em um cursinho comunitário de Atibaia (SP), onde mora.
"Quando nós vamos fazer provas
com os alunos e vemos o trabalho
de um ano se concretizando, é recompensador", disse ele, que
também é plantonista de física no
cursinho Anglo de São Paulo.
Quem pensa em ajudar outros
vestibulandos ministrando aulas
em cursinhos populares deve saber, entretanto, que a tarefa requer dedicação e tempo livre e,
geralmente, não há salário. "A recompensa é a satisfação de ver
pessoas carentes vencendo na vida", disse frei David Santos, fundador do cursinho popular Educafro, que recebe voluntários.
O número de aulas dadas por
semana geralmente pode ser acertado com a instituição, de acordo
com a disponibilidade do voluntário e da necessidade do cursinho. Além de dar as aulas, o universitário tem de prepará-las em
casa, tirar as dúvidas dos alunos e,
dependendo da matéria escolhida, corrigir exercícios e redações.
Evelyn Uliam, 19, dá aulas de
gramática no Projeto Redigir, que
não é direcionado para o vestibular, mas ensina redação e interpretação de texto a pessoas carentes que estejam concluindo ou já
tenham concluído o ensino médio. Ela leciona para cinco turmas
e ainda corrige parte das redações
de outras 15. "A gente tem de quebrar a cabeça para dar uma aula
legal, tem de ficar corrigindo redações, mas é recompensador ver
que tudo deu pelo menos um
pouco certo", disse ela, que é aluna de jornalismo na USP.
Já Eloi Francisco Rosa, 21, tem
de reestudar os assuntos antes de
ministrar as aulas. Isso porque,
como é estudante de biomedicina
da Unifesp, só tem matérias de
biológicas na graduação e ministra aulas de história do Brasil e de
gramática no cursinho do DCE
(Diretório Central dos Estudantes) da universidade.
Montar cursinho
Uma diferença encontrada por
Evelyn e Eloi é que ela entrou em
um projeto já existente na universidade. "Sempre quis fazer trabalho voluntário, o projeto já existia,
então foi fácil", disse ela.
Na universidade de Eloi, não
havia um projeto popular e, em
parceria com o DCE -coordenado por ele-, a reitoria, professores e alunos da pós-graduação
fundaram um cursinho. No ano
passado, foram 50 alunos e 25
professores e, agora, serão 130
alunos e 37 professores.
Além de ter de conseguir voluntários comprometidos com o projeto, arranjar apoio material (como locais de aula, cadeira e material didático), financeiro e técnico
é outra das dificuldades.
O cursinho da Faculdade de
Medicina da USP, criado no ano
passado, por exemplo, conseguiu
uma parceria com a fundação da
própria faculdade, que fornece as
salas de aula e o anfiteatro da instituição. Uma saída encontrada
por outros cursinhos é fazer parcerias com colégios públicos para
cederem as salas de aula.
O material didático pode vir de
contribuições dos próprios alunos, de doações em dinheiro ou
por meio de parcerias, dependendo do formato de cada projeto.
Uma boa forma de achar um modelo adequado para cada situação
é pedir ajuda a instituições que
existem há mais tempo, como o
Cursinho Instituto, que também
aceita voluntários.
Educafro: 0/xx/11/3119-1244; Cursinho
Instituto: instituto@instituto.org.br
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