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DEU NA MÍDIA
Angola e o movimento separatista de Cabinda
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
A Copa Africana de Nações
era para ser apenas um majestoso evento esportivo,
mas ganhou outro destaque.
No dia 8 de janeiro, membros
do grupo separatista Flec
(Forças de Libertação do Estado de Cabinda), em Angola,
atacaram o ônibus da seleção
de futebol do Togo, causando
a morte de três pessoas.
Esquecida no tempo, essa
história tem início quando o
português Diogo Cão alcançou a foz do rio Congo em
1482, marcando o início do
processo de colonização do
antigo reino do Congo.
Séculos mais tarde, com a
partilha da África realizada
na Conferência de Berlim
(1885), Angola passou oficialmente ao controle de
Portugal. Empenhado na exploração das imensas riquezas naturais, a estratégia do
colonizador foi aumentar a
presença civil e militar no
território angolano.
Mas, no final dos anos de
1950, em meio à moldura da
Guerra Fria, movimentos
nacionalistas espalharam-se
por todos os territórios ultramarinos portugueses. Em
Angola, os partidários da luta
pela independência criaram,
em 1956, o MPLA (Movimento Popular para a Libertação
de Angola), de orientação
marxista. Surgiu também a
Unita (União Nacional para
a Independência Total de Angola), em 1966, grupo de
oposição ao MPLA.
Na década seguinte, com o
acirramento da resistência,
as dificuldades para manter
o controle sobre as colônias
aumentaram. Em 1973, um
grupo de oficiais comandados pelo general Antônio de
Spínola -crítico da política
do governo na África- protestava em Lisboa contra os
prejuízos da guerra colonial,
fato que precipitou a queda
do governo de Marcelo Caetano e ficou conhecido como
Revolução dos Cravos (1974).
Esse episódio marcou o fim
do império colonial português na África.
Angola tornou-se independente com um governo
de transição dividido entre
MPLA e Unita, mas, antes da
independência formal, em
novembro de 1975 (Acordo
de Alvor), o país já amargava
uma terrível guerra civil.
O
conflito durou 27 anos e destruiu o país.
Cabinda (7.283 km2 e 300
mil habitantes), local do
atentado, responde por 70%
da produção petrolífera do
país e já alcança os 2 milhões
de barris/dia. Essa pequena
província ao norte ficou separada territorialmente do
restante do país desde 1913,
em razão de um acordo entre
Bélgica e Portugal que garantia ao Congo Belga uma
saída para o Atlântico.
Durante os anos da guerra
civil angolana, esse enclave,
que esteve resguardado por
razões estratégicas, agora
reaparece nas malhas de um
movimento separatista. Fácil crer que no ano da Copa
em solo africano, os holofotes poderão iluminar mais
que astros do futebol.
ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile.
rcandelori@uol.com.br
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