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CARREIRA
Arquiteto planeja de cadeira a cidade
Universidades afirmam que a carga prática é forte desde os primeiros anos do curso
RICARDO GALLO
DA REDAÇÃO
Ele é capaz de restaurar um
palacete do século 19, projetar
uma casa ou planejar o crescimento de uma metrópole
-graças à formação ampla, o
profissional de arquitetura e
urbanismo pode direcionar o
olhar para três frentes: passado, presente e futuro.
É um curso essencialmente
generalista, diz Francisco Segnini, 66, chefe da comissão de
coordenação do curso de arquitetura e urbanismo da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo). A exigência que
prevê esse tipo de abordagem
está em diretriz curricular do
Ministério da Educação.
Na FAU, diz Segnini, não há
divisão entre teoria e prática
-desde o início do curso, disciplinas teóricas se juntam a desenho, por exemplo, para que
os alunos comecem a esboçar
os primeiros projetos. Matérias
para "entender melhor o mundo", como sociologia, permeiam o curso, diz. A graduação inclui ainda design de objetos e comunicação visual.
A PUC-Campinas enfatiza
"teoria, história, criatividade e
tecnologia", afirma Ricardo Badaró, diretor da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo. O
curso procura estimular a "visão social" do aluno, para que
ele intervenha de "forma positiva na sociedade".
"O arquiteto tem de ser habilitado para trabalhar o objeto
-um banco, uma cadeira, um
ponto de ônibus-, o edifício e a
cidade. O grau de complexidade
dessas intervenções vai exigir
base cultural e um profissional
com um conjunto de conhecimentos global e generalista."
Na PUC-Campinas, a graduação em arquitetura e urbanismo é integral nos dois primeiros anos, quando os alunos
têm aula de manhã e à tarde.
Depois, passam a ter aulas à
tarde e à noite; a manhã fica livre para estágios supervisionados ou iniciação científica. A
mensalidade custa R$ 1.300.
Já o objetivo do Mackenzie é
"ampliar os horizontes" dos
alunos, por meio de formação
na área de projetos e pesquisa.
Os alunos atuam, por exemplo,
na reurbanização de favelas e
em planos de desenvolvimento
urbano, diz Valter Caldana,
coordenador do curso. A graduação é em meio período -a
mensalidade sai por R$ 1.545.
Todos os cursos de graduação de arquitetura duram no
mínimo cinco anos, por determinação do MEC.
Áreas de atuação
A versatilidade da formação
faz o mercado de trabalho empregar o arquiteto em áreas diversas: construção civil, administração pública, indústria e
pesquisa -como no desenvolvimento de novas aplicações de
material para construção. A
construção civil e os escritórios
de arquitetura absorvem a
maior parte dos profissionais.
Há 83.814 arquitetos no Brasil, segundo o Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia).
Além das áreas convencionais, a restauração de imóveis
deteriorados ou de valor histórico tem atraído profissionais
nos últimos anos. Contribuem
para isso a profusão de conselhos de preservação do patrimônio dos municípios e a legislação específica -o conselho da
capital paulista existe desde a
década de 1980, por exemplo.
Formada na FAU há dois
anos, Maria Vitória Fischer dos
Santos, 26, foi uma das que seguiram a área de restauro. O caminho foi "natural", disse.
"Sempre gostei de história e arquitetura. Durante a faculdade,
fui fazer intercâmbio na Itália
[Universidade de Florença], fiz
alguns cursos e, quando vi, já
estava envolvida na área."
Maria Vitória hoje trabalha
em uma empresa de restauro.
Ela coordena a recuperação do
Palácio Campos Elíseos, construção em estilo europeu no
centro de São Paulo que foi sede do governo do Estado entre
as décadas de 1910 e 1960.
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