São Paulo, terça-feira, 09 de junho de 2009
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CARREIRA

Arquiteto planeja de cadeira a cidade

Universidades afirmam que a carga prática é forte desde os primeiros anos do curso

RICARDO GALLO
DA REDAÇÃO

Ele é capaz de restaurar um palacete do século 19, projetar uma casa ou planejar o crescimento de uma metrópole -graças à formação ampla, o profissional de arquitetura e urbanismo pode direcionar o olhar para três frentes: passado, presente e futuro.
É um curso essencialmente generalista, diz Francisco Segnini, 66, chefe da comissão de coordenação do curso de arquitetura e urbanismo da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo). A exigência que prevê esse tipo de abordagem está em diretriz curricular do Ministério da Educação.
Na FAU, diz Segnini, não há divisão entre teoria e prática -desde o início do curso, disciplinas teóricas se juntam a desenho, por exemplo, para que os alunos comecem a esboçar os primeiros projetos. Matérias para "entender melhor o mundo", como sociologia, permeiam o curso, diz. A graduação inclui ainda design de objetos e comunicação visual.
A PUC-Campinas enfatiza "teoria, história, criatividade e tecnologia", afirma Ricardo Badaró, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. O curso procura estimular a "visão social" do aluno, para que ele intervenha de "forma positiva na sociedade".
"O arquiteto tem de ser habilitado para trabalhar o objeto -um banco, uma cadeira, um ponto de ônibus-, o edifício e a cidade. O grau de complexidade dessas intervenções vai exigir base cultural e um profissional com um conjunto de conhecimentos global e generalista."
Na PUC-Campinas, a graduação em arquitetura e urbanismo é integral nos dois primeiros anos, quando os alunos têm aula de manhã e à tarde. Depois, passam a ter aulas à tarde e à noite; a manhã fica livre para estágios supervisionados ou iniciação científica. A mensalidade custa R$ 1.300.
Já o objetivo do Mackenzie é "ampliar os horizontes" dos alunos, por meio de formação na área de projetos e pesquisa. Os alunos atuam, por exemplo, na reurbanização de favelas e em planos de desenvolvimento urbano, diz Valter Caldana, coordenador do curso. A graduação é em meio período -a mensalidade sai por R$ 1.545.
Todos os cursos de graduação de arquitetura duram no mínimo cinco anos, por determinação do MEC.

Áreas de atuação
A versatilidade da formação faz o mercado de trabalho empregar o arquiteto em áreas diversas: construção civil, administração pública, indústria e pesquisa -como no desenvolvimento de novas aplicações de material para construção. A construção civil e os escritórios de arquitetura absorvem a maior parte dos profissionais.
Há 83.814 arquitetos no Brasil, segundo o Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia).
Além das áreas convencionais, a restauração de imóveis deteriorados ou de valor histórico tem atraído profissionais nos últimos anos. Contribuem para isso a profusão de conselhos de preservação do patrimônio dos municípios e a legislação específica -o conselho da capital paulista existe desde a década de 1980, por exemplo.
Formada na FAU há dois anos, Maria Vitória Fischer dos Santos, 26, foi uma das que seguiram a área de restauro. O caminho foi "natural", disse. "Sempre gostei de história e arquitetura. Durante a faculdade, fui fazer intercâmbio na Itália [Universidade de Florença], fiz alguns cursos e, quando vi, já estava envolvida na área."
Maria Vitória hoje trabalha em uma empresa de restauro. Ela coordena a recuperação do Palácio Campos Elíseos, construção em estilo europeu no centro de São Paulo que foi sede do governo do Estado entre as décadas de 1910 e 1960.


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