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DIREITO VERSÁTIL
Faculdades inserem aulas de teatro e mudam vestibular para formar aluno mais preparado
Cursos apostam em novas disciplinas
ALEXANDRE NOBESCHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O bom profissional de direito
não pode ser apenas conhecedor das leis. O mercado de trabalho exige mais. Agora, as faculdades começam a fazer o mesmo. A
aposta é "quebrar" o conservadorismo da área e formar profissionais mais versáteis e que consigam dialogar mais facilmente
com pessoas de outras áreas.
Para isso as universidades mudaram o método de seleção dos
vestibulandos e inseriram disciplinas no curso que ajudam a desenvolver a criatividade.
Exemplo disso é o que a Fundação Getúlio Vargas de São Paulo
pretende realizar em seu primeiro
vestibular para o curso de direito.
Não haverá prova de múltipla escolha.
"Queremos selecionar o melhor
aluno, o que tem o melhor perfil,
para formarmos o melhor profissional", resume o vice-diretor do
curso de direito da Getúlio Vargas, Paulo Goldschmidt.
Segundo ele, os profissionais
formados atualmente não atendem às expectativas do mercado.
Por conta disso, a FGV decidiu
entrar na disputa pela formação
de bacharéis em direito.
Para a elaboração da grade curricular, a fundação realizou uma
pesquisa com escritórios de advocacia, empresas e "headhunters"
-caçadores de talentos.
O resultado foi unânime. Espera-se que o profissional de direito
tenha conhecimento sólido e capacidade de dialogar com segurança com pessoas de outras
áreas. "Queremos que o nosso
aluno tenha um preparo mais
amplo e não que ele seja um mero
conhecedor de leis", afirma
Goldschmidt.
Com esse propósito em vista,
destinou, além das aulas tradicionais do curso, disciplinas que facilitem o diálogo entre profissionais
de áreas distintas. Em determinado momento, os alunos de direito
assistirão a aulas de administração e de economia com os alunos
desses cursos.
Jogo de cena
Na Faap (Fundação Armando
Alvares Penteado), os estudantes
de direito passaram a ter uma nova disciplina na grade. Desde o
início do semestre, os alunos participam das aulas de teatro.
Segundo o diretor da Faap e
idealizador do projeto, Américo
Fialdini, a iniciativa pretende
aperfeiçoar o aprendizado e tornar o aluno mais desinibido. "A
disciplina vai acrescentar no perfil
do estudante. Vai ensiná-lo a interpretar textos, melhorar sua
postura, enriquecer sua oratória e
sua cultura geral", explica.
O presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil),
Braz Martins Neto, não vê impedimentos para a introdução do
teatro nos cursos de direito.
Ele afirma que, além da aula tradicional de teatro, os estudantes
deveriam praticar também simulações de tribunal de júri.
"As aulas de teatro em uma faculdade de direito vão reforçar as
características para se tornar um
bom advogado", destaca.
A opinião é compartilhada pelo
presidente da Associação Paulista
de Magistrados, Celso Limongi.
"A arte vai tornar o aluno mais
aberto e desinibido."
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