São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2008
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DEU NA MÍDIA

Cresce tensão entre Índia e Paquistão

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Milhares de indianos tomaram as ruas de Mumbai (antiga Bombaim) em protesto contra os atentados que mataram quase duas centenas de pessoas, entre elas cidadãos australianos, japoneses e italianos. A maior parte das palavras de ordem era dirigida ao país vizinho, o Paquistão, acusado de oferecer apoio e acobertar os responsáveis pelas ações.
Sem titubear, o premiê indiano, Manmohan Singh, referendou a lógica dos protestantes, isto é, creditou às autoridades do Paquistão a conivência com atos terroristas. Autoridades de Islamabad, capital paquistanesa, rechaçaram as acusações. Rivais de longa data, indianos e paquistaneses vivem essa tensão desde o surgimento do Paquistão, território criado para abrigar os muçulmanos da Índia britânica em agosto de 1947. A divisão apressada do subcontinente proposto pelo Plano Mountbatten resultou em caos e violência. Estima-se que, na época, 20 milhões de pessoas foram deslocadas; hindus para a Índia e muçulmanos para o Paquistão.
Desde então, hindus e muçulmanos têm uma convivência conflituosa. Para agravar a situação, o território da Caxemira, à época sob o comando de um governo hindu, apesar de ter uma população de maioria muçulmana, passou ao controle da Índia. Sob protesto paquistanês, a controvérsia foi encaminhada à ONU em 1948, mas, antes de uma decisão final, a Índia iniciou uma guerra contra o Paquistão.
Primeira guerra indo-paquistanesa, o saldo desse conflito foi a partilha da Caxemira: para a Índia ficaram cerca de dois terços do território, a Jammu-Caxemira, e, para o Paquistão, a Azad Caxemira. Já o plebiscito para definir o futuro político do território, como determinava a resolução da ONU de 1948, nunca foi realizado.
Diante da ameaça de anexação da Caxemira pela Índia, rechaçando em definitivo o acordo firmado perante as Nações Unidas, tem início em 1965 a segunda guerra indo-paquistanesa. Mediada pela antiga URSS, foi negociada a Declaração de Tashkent (cidade do Uzbequistão), que selou uma trégua na qual os países concordaram em retornar aos limites territoriais anteriores.
O acirramento das tensões, agravado pelo terrorismo islâmico em Mumbai, no chamado "11 de Setembro indiano", coloca o Paquistão numa situação delicada. Insinuações de que Islamabad não combate de fato seus terroristas tornam-se mais inquietantes se considerarmos que os dois países se transformaram, desde os anos 1990, em potências nucleares.

ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile

rcandelori@uol.com.br



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