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DEU NA MÍDIA
Cresce tensão entre Índia e Paquistão
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Milhares de indianos tomaram as ruas de Mumbai
(antiga Bombaim) em protesto contra os atentados
que mataram quase duas
centenas de pessoas, entre
elas cidadãos australianos,
japoneses e italianos. A
maior parte das palavras de
ordem era dirigida ao país vizinho, o Paquistão, acusado
de oferecer apoio e acobertar
os responsáveis pelas ações.
Sem titubear, o premiê indiano, Manmohan Singh, referendou a lógica dos protestantes, isto é, creditou às autoridades do Paquistão a conivência com atos terroristas. Autoridades de Islamabad, capital paquistanesa, rechaçaram as acusações.
Rivais de longa data, indianos e paquistaneses vivem
essa tensão desde o surgimento do Paquistão, território criado para abrigar os
muçulmanos da Índia britânica em agosto de 1947. A divisão apressada do subcontinente proposto pelo Plano
Mountbatten resultou em
caos e violência. Estima-se
que, na época, 20 milhões de
pessoas foram deslocadas;
hindus para a Índia e muçulmanos para o Paquistão.
Desde então, hindus e muçulmanos têm uma convivência conflituosa. Para
agravar a situação, o território da Caxemira, à época sob
o comando de um governo
hindu, apesar de ter uma população de maioria muçulmana, passou ao controle da
Índia. Sob protesto paquistanês, a controvérsia foi encaminhada à ONU em
1948, mas, antes de uma
decisão final, a Índia iniciou uma guerra contra o
Paquistão.
Primeira guerra indo-paquistanesa, o saldo desse
conflito foi a partilha da Caxemira: para a Índia ficaram
cerca de dois terços do território, a Jammu-Caxemira, e,
para o Paquistão, a Azad Caxemira. Já o plebiscito para
definir o futuro político do
território, como determinava a resolução da ONU de
1948, nunca foi realizado.
Diante da ameaça de anexação da Caxemira pela Índia, rechaçando em definitivo o acordo firmado perante
as Nações Unidas, tem início
em 1965 a segunda guerra indo-paquistanesa. Mediada
pela antiga URSS, foi negociada a Declaração de Tashkent (cidade do Uzbequistão), que selou uma trégua
na qual os países concordaram em retornar aos limites
territoriais anteriores.
O acirramento das tensões, agravado pelo terrorismo islâmico em Mumbai, no
chamado "11 de Setembro
indiano", coloca o Paquistão
numa situação delicada. Insinuações de que Islamabad
não combate de fato seus
terroristas tornam-se mais
inquietantes se considerarmos que os dois países se
transformaram, desde os
anos 1990, em potências nucleares.
ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br
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