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      São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003
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NOVA GESTÃO

PROJETO, QUE JÁ CONTA COM US$ 9 MILHÕES, É UMA DAS MUDANÇAS PROPOSTAS

MEC deve lançar benefício para negros

LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na próxima semana, o Ministério da Educação (MEC) deverá anunciar um programa que irá beneficiar estudantes negros que pretendam entrar na universidade. O acordo do órgão com organizações não-governamentais é mais uma das mudanças que o ministério pretende desenvolver ao longo desta gestão.
O projeto já conta com US$ 9 milhões (cerca de R$ 26 milhões), disponibilizados pelo Banco Mundial e pela União, diz Antonio Ibañez, secretário da Educação Fundamental e Tecnológica do MEC. A idéia é remunerar instituições beneficentes que capacitam pessoas de baixa renda a entrar no ensino superior. Pelo menos 51% dos inscritos nos cursos devem ser afrodescendentes. A bolsa que será concedida a cada aluno matriculado depende do projeto entregue ao governo pelas entidades.
O edital do programa deve ser divulgado na próxima quarta-feira. Também está prevista a criação de uma comissão que coordenará o projeto e fiscalizará os trabalhos das entidades.
Essa é mais uma das mudanças propostas pelo ministério em seis meses e que afetam diretamente os estudantes que estão na transição do ensino médio para o superior ou que já freqüentam a universidade (veja quadro ao lado).

Os estudantes
As propostas mais lembradas e discutidas pelos estudantes entrevistados pela Folha são as que alteram o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e o sistema do vestibular.
O ministro Cristovam Buarque, no semestre passado, disse que poderia estender o sistema do PAS (Programa de Avaliação Seriada) para todo o país. O sistema é utilizado desde 1996 para o processo de seleção da UnB (Universidade de Brasília). O PAS substituiria o Enem, que avalia os estudantes no fim do ensino médio. Na avaliação seriada, os alunos fariam um exame em cada um dos três anos.
Já para o vestibular, o ministro disse que apoiaria o processo de seleção em apenas duas provas: uma de matemática e outra de português.
O estudante Anderson Castellani, 19, afirma que o PAS seria bom por ser uma forma de "não acumular toda a matéria para o final do ensino médio".
O mesmo pensa Monalisa Santos Cardona Soto, 18. Já em relação à cobrança de apenas duas matérias, ela se diz contrária. "Alguém que vai fazer uma graduação em biologia tem de saber o mínimo da matéria. Acho que isso iria fazer cair o nível das faculdades", disse. Ela diz que, mesmo que as matérias continuassem sendo obrigatórias no ensino médio, as pessoas sairiam da escola sem sabê-los. "Estudar para as provas da escola é diferente de estudar para o vestibular. Para passar no colégio, basta um trabalhinho que já é o suficiente", diz.
Segundo Ibañez, o ministério estuda outras formas de avaliação do ensino médio, além do PAS, como uma prova na oitava série do ensino fundamental e outra no término do ensino médio. Os exames seriam obrigatórios, em vez de opcionais como no sistema atual. "Isso evitaria brechas na avaliação", diz.
Desde o dia 27 de junho, a Folha tem procurado o ministro Cristovam Buarque por meio de sua assessoria de imprensa. Até o fechamento desta edição, não houve resposta às perguntas enviadas antecipadamente ao ministério.


Colaborou André Nicoletti, da Reportagem Local

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