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      São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003
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BIOLOGIA

O sobe-e-desce dos esportes radicais

FABIO GIORDANO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Você que nas férias está pensando em praticar algum esporte radical saiba que todos eles envolvem algum risco. Se você é adepto do mergulho autônomo, deve saber que, a cada dez metros de profundidade, a pressão exercida sobre o corpo aumenta em uma atmosfera. Os valores aceitáveis para mergulho com ar comprimido são de cerca de 60 metros (uma pressão de sete atmosferas)
Nesse esporte, o ar comprimido num cilindro de mergulho faz com que a pressão dos gases nitrogênio e oxigênio torne-se bem maior e, com isso, corre-se o risco de envenenamento.
Pode parecer estranho morrer envenenado por oxigênio, mas, na verdade, a alta pressão de oxigênio faz com que as células tenham funções metabólicas anormais, principalmente no cérebro, causando abalos musculares, convulsões e coma. No caso do nitrogênio, quando em alta pressão, dissolve-se nos tecidos e exerce um efeito anestésico sobre o sistema nervoso central, semelhante ao estado de embriaguez.
O perigo também é grande se subirmos muito rapidamente à superfície, sem levarmos em consideração o período para que haja descompressão dos gases, que se expandem e formam bolhas de ar indesejáveis em nossos vasos sanguíneos (embolia).
Se você gosta de altitudes e pratica alpinismo ou balonismo, saiba que, nesse caso, o risco está na baixa pressão atmosférica. Segundo o especialista americano em fisiologia Arthur Guyton, o nível mais baixo de pressão ao qual uma pessoa sobrevive é aquele em que a saturação de oxigênio no sangue é menor que 50%. Sendo assim, em média, o teto para uma pessoa não aclimatada praticar esses esportes sem equipamento de oxigênio é 6.900 metros.
Os esportes radicais geralmente só apresentam acidentes quando há um perigoso fator de risco: a falta de informação.


Fabio Giordano é bacharel em biologia, doutor em ecologia pela USP e professor-pesquisador da Unisanta. E-mail: giordano@unisanta.br

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