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HISTÓRIA
A reforma religiosa na Europa ocidental
CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Uma das mais importantes transformações que ocorreram na Europa moderna envolveu a religião e significou o fim do monopólio da Igreja Católica sobre a cristandade ocidental.
Apesar de não possuir a influência que tivera na Idade Média, a
igreja ainda era uma das mais importantes instituições dos novos
Estados europeus, e a religião era
responsável pela formação cultural da maioria das sociedades daquela época. A igreja também sofreu os efeitos das transformações
que fortaleciam o capitalismo,
marcada pelos interesses de variados setores sociais. Esses interesses são normalmente generalizados, como se toda a burguesia européia pretendesse a mesma coisa
da religião e toda ela tivesse interesse em uma "nova fé". Esse raciocínio não é correto uma vez
que a organização e o interesse da
burguesia variavam de país para
país. Enquanto na Holanda a
maioria dos burgueses aderia ao
calvinismo, em Portugal, a burguesia se mantinha fiel ao catolicismo.
O mesmo raciocínio vale para a
nobreza, que, na região alemã, estava interessada na reforma luterana, pensando em confiscar as
terras da Igreja Católica. Na França, manteve-se como defensora
do catolicismo. Com os reis, não
foi diferente, uma vez que muitos
deles (o da França, o de Portugal e
o da Espanha) preservavam e defendiam o catolicismo, enquanto
Henrique 8º liderava o movimento reformista na Inglaterra.
É importante percebermos o
significado do termo "protestante". Usado normalmente nos livros, é incorreto e nos leva a uma
visão equivocada não apenas das
concepções doutrinárias, mas das
disputas políticas e dos interesses
econômicos, que utilizaram a religião como forma de expressão de
suas contradições ao longo da história. É importante expressarmos
corretamente as diferenças entre
calvinistas e anglicanos e entre luteranos e calvinistas e, para isso, é
impossível a utilização da palavra
"protestante".
Essas novas heresias, que ganharam força a partir do século 16
e superaram as medidas da Contra-Reforma, foram responsáveis
pela quebra do monolitismo cristão e colocaram definitivamente
as igrejas cristãs sob a influência
dos Estados, reforçando o absolutismo.
Dica: procure entender os diversos interesses envolvidos na
disputa religiosa do século 16,
analisando cada país da Europa
ocidental. Por que podemos chamar esse movimento de herético?
Claudio B. Recco é coordenador do site
www.historianet.com.br, professor do
Curso Objetivo e autor do livro "História em Manchete - Na Virada do Século"
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