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A DISTÂNCIA
Número de alunos matriculados dobrou entre 2007 e 2008
São 761 mil estudantes, contra 397 mil há dois anos
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Imagine uma universidade
sem salas de aula, horário de
entrada nem conversa no fundão. Professor, só pela tela do
computador. E você estuda onde e a hora em que quiser.
Interessado? É a graduação a
distância, modalidade que cresce em ritmo vertiginoso no país
e oferece cerca de 1,5 milhão de
vagas em 145 instituições, cerca
de 70 das quais públicas.
Apenas entre 2007 e 2008, o
número de alunos quase dobrou; saiu de 397 mil para 761
mil -a participação dessa modalidade no ensino superior
saltou de 4,2% para 7,5%.
Se entrar é fácil, desistir também: a evasão chega a 70% em
alguns casos. Segundo coordenadores de cursos, só vai bem
nesse tipo de curso quem é organizado, disciplinado e tem
concentração para conseguir
estudar em casa ou no trabalho.
Essa é uma das razões para os
cursos de graduação a distância
atraírem um público mais velho do que o do vestibular de
cursos convencionais. Cerca de
68% dos alunos têm a partir de
25 anos, aponta censo de 2008
da Abed (Associação Brasileira
de Educação a Distância).
É o caso de Renato Ignácio,
47, de Ribeirão Preto (SP), que
voltou a estudar após largar
duas faculdades e não queria
trocar a convivência familiar
pela sala de aula. Ou de Irene
Lício, 57, que diz aprender melhor com o estudo individual.
Ignácio estuda sistemas de informação na UFSCar (federal
de São Carlos); Irene, administração na Anhembi Morumbi.
Os dois dizem se empenhar
porque estudar pouco, na educação a distância, é fracasso
certo. "Quem pensa que o curso
é de final de semana se dá mal.
Nosso aluno tem de estudar ao
menos 24 horas semanais", diz
Daniel Mill, coordenador de
educação a distância da UFSCar -que, no último vestibular,
ofereceu 650 vagas em cinco
cursos. As inscrições neste ano
começam em dezembro.
Para Ignácio e Irene, o ritmo
puxado torna o aprendizado do
aluno mais consistente. "Você
aprende a raciocinar. O conhecimento se solidifica", diz ele,
que estuda de madrugada. "No
presencial, divaga-se mais."
Em 2007, o Enade (exame do
Ministério da Educação que
avalia universitários) revelou
que alunos de cursos a distância se saíram melhor do que os
de presenciais em 7 de 13 áreas
em que houve a comparação.
Mas não é sempre que educação a distância significa qualidade: em 2008, o MEC mandou
desativar 1.337 polos de educação a distância no país -há
mais de 5.000. Nesta semana, o
ministério abriu processo para
descredenciar a Unitins (Fundação Universidade Estadual
Tocantins), que recorrerá.
Aulas
No ensino a distância, as aulas
são em vídeo ou com material
didático disponibilizado na internet. Dúvidas são tiradas on-line com o professor ou nos polos -espécie de filiais da instituição, onde ocorrem as provas.
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