São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009
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ENGENHARIA

País tem falta de formados e mercado em expansão

Brasil forma um terço do número de engenheiros da Coreia do Sul

DA REPORTAGEM LOCAL

Existe uma grande procura por profissionais formados em todas as carreiras de engenharia, afirma José Tadeu da Silva, presidente do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura).
Ele afirma que a crise econômica ainda não chegou "com força" à profissão. "Há muitos investimentos que continuam sendo realizados, tanto pelo setor público quanto por empresas, mas falta gente graduada."
O Brasil forma, por ano, cerca de 25 mil engenheiros -um terço do número da Coreia do Sul, que gradua anualmente em torno de 80 mil profissionais.
Como faltam engenheiros, sobram postos de trabalho para gente qualificada, inclusive no exterior. Foi o que deu um impulso na carreira de Rafael Watai, 23, aluno do quarto ano de engenharia naval na Poli-USP.
No ano passado, ele estagiou em uma empresa na Holanda por sete meses. "Fiquei em Roterdã, trabalhando em um projeto de estabilização para plataformas de petróleo em sistemas marítimos."

Dúvida
Por pouco Rafael não optou por outra área. "Passei três anos do curso acreditando que queria elétrica e só fui descobrir naval no ano passado."
Essa é uma situação comum, afirma Denis Coury, chefe do departamento de engenharia elétrica da USP de São Carlos.
"Os alunos chegam muito novos [à faculdade] e trocam de área com frequência ou não sabem o que querem. Muitos desistem do curso ou vão trabalhar com outra coisa."
Paula Ruocco, 22, que estuda na Poli-USP, passou por isso. "Não sabia que engenharia eu queria. Ao longo do tempo optei por civil, de que gosto bastante. Mas vejo gente desistir a toda hora", diz ela, que está cursando o quarto ano.
Boa parte dos recém-formados ou estudantes de engenharia já trabalhou em banco, gerência de empresa ou no mercado financeiro, diz o coordenador de engenharia civil da Unesp de Bauru, Carlos Eduardo Javaroni. "O salário chega a R$ 8.000, é atraente", diz ele.
Coury concorda. "Isso acontece mesmo, é inevitável. Quem faz engenharia costuma ser bom com números e planejamento, e os bancos valorizam. Mas dá para trabalhar como engenheiro e ganhar bem."
O campus da USP em São Carlos, onde Coury leciona, é conhecido pelos cursos diferenciados que oferece, como engenharia aeronáutica e mecatrônica. Como as outras universidades públicas, a USP reúne grande número de cursos, mas tem perfil mais forte em alguns (leia quadro ao lado).
Outra dificuldade para as empresas é encontrar alunos com especialização em engenharia, afirmam especialistas. Segundo a Federação Nacional dos Engenheiros, dos 10 mil doutores formados todo ano, só 13% são desta área. No mestrado, os engenheiros são 11,6% de um total de 30 mil alunos. (RAFAEL SAMPAIO)


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