|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O texto abaixo contém um Erramos, clique
aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.
ENGENHARIA
País tem falta de formados e mercado em expansão
Brasil forma um terço do número de engenheiros da Coreia do Sul
DA REPORTAGEM LOCAL
Existe uma grande procura
por profissionais formados em
todas as carreiras de engenharia, afirma José Tadeu da Silva,
presidente do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e
Arquitetura).
Ele afirma que a crise econômica ainda não chegou "com
força" à profissão. "Há muitos
investimentos que continuam
sendo realizados, tanto pelo setor público quanto por empresas, mas falta gente graduada."
O Brasil forma, por ano, cerca
de 25 mil engenheiros -um
terço do número da Coreia do
Sul, que gradua anualmente em
torno de 80 mil profissionais.
Como faltam engenheiros,
sobram postos de trabalho para
gente qualificada, inclusive no
exterior. Foi o que deu um impulso na carreira de Rafael Watai, 23, aluno do quarto ano de
engenharia naval na Poli-USP.
No ano passado, ele estagiou
em uma empresa na Holanda
por sete meses. "Fiquei em Roterdã, trabalhando em um projeto de estabilização para plataformas de petróleo em sistemas marítimos."
Dúvida
Por pouco Rafael não optou
por outra área. "Passei três
anos do curso acreditando que
queria elétrica e só fui descobrir naval no ano passado."
Essa é uma situação comum,
afirma Denis Coury, chefe do
departamento de engenharia
elétrica da USP de São Carlos.
"Os alunos chegam muito
novos [à faculdade] e trocam de
área com frequência ou não sabem o que querem. Muitos desistem do curso ou vão trabalhar com outra coisa."
Paula Ruocco, 22, que estuda
na Poli-USP, passou por isso.
"Não sabia que engenharia eu
queria. Ao longo do tempo optei por civil, de que gosto bastante. Mas vejo gente desistir a
toda hora", diz ela, que está cursando o quarto ano.
Boa parte dos recém-formados ou estudantes de engenharia já trabalhou em banco, gerência de empresa ou no mercado financeiro, diz o coordenador de engenharia civil da
Unesp de Bauru, Carlos Eduardo Javaroni. "O salário chega a
R$ 8.000, é atraente", diz ele.
Coury concorda. "Isso acontece mesmo, é inevitável. Quem
faz engenharia costuma ser
bom com números e planejamento, e os bancos valorizam.
Mas dá para trabalhar como
engenheiro e ganhar bem."
O campus da USP em São
Carlos, onde Coury leciona, é
conhecido pelos cursos diferenciados que oferece, como engenharia aeronáutica e mecatrônica. Como as outras universidades públicas, a USP reúne grande número de cursos, mas tem
perfil mais forte em alguns (leia
quadro ao lado).
Outra dificuldade para as empresas é encontrar alunos com
especialização em engenharia,
afirmam especialistas. Segundo
a Federação Nacional dos Engenheiros, dos 10 mil doutores formados todo ano, só 13% são desta área. No mestrado, os engenheiros são 11,6% de um total de
30 mil alunos.
(RAFAEL SAMPAIO)
Texto Anterior: Engenharia tem quase cem tipos diferentes de cursos Próximo Texto: Meio de ano: Unesp recebe pedido de redução de taxa Índice
|