São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008
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CARREIRA

Com estatística, atuário prevê risco antes de grandes decisões

Pouco conhecido, curso forma profissional apto a trabalhar com seguro e investimentos

DA REPORTAGEM LOCAL

Seguro de carro. Jovem paga mais. Seguro de vida. Idoso paga mais. Quem calcula essa diferenciação de preço de acordo com a idade e até o sexo são os atuários. Pouco conhecidos, esses profissionais sabem mensurar quanto custam diferentes tipos de risco, como acidentes de trânsito, doenças, incêndio ou se um determinado investimento vale ou não a pena.
A profissão é antiga, mas, no Brasil, ainda há poucos cursos. "Em geral, é uma profissão pouquíssimo conhecida no mundo", afirma Daniela de Mendonça, presidente do IBA (Instituto Brasileiro de Atuária). "Mas qualquer atividade financeira que envolve risco deveria ter um atuário."
Ele é um gestor de risco, segundo o professor da USP Luiz Jurandir Simões de Araújo, da graduação em atuária (como o curso é chamado na instituição). "E eu costumo dizer que a palavra risco significa eventos adversos que podem impactar uma empresa."
Ele cita como exemplo a falência de um estabelecimento: "Quando uma empresa se desintegra, é uma bola de neve. Mais pessoas desempregadas influenciam em toda a economia do país. O padeiro vai vender menos pão, a manicure vai fazer menos mãos, e por aí vai".
Segundo Araújo, com o tempo, o atuário se torna um profissional de alto escalão. "No início, ele vai ficar só como auxiliar, mas, depois, quando ele for um gestor de risco, trabalhará com a cúpula", diz ele. "Porque ele participa da estratégia da empresa. O dono vai ouvir o atuário antes de tomar uma decisão importante."
O curso da USP foi extinto em 1994 e recriado em 2006 (leia texto ao lado), e, hoje, 30% da carga é voltada para estatística, a base do atuário.
"Ele é alguém que gosta de matemática e tem habilidades para lidar com finanças", afirma Narcisa Maria Gonçalves dos Santos, coordenadora do curso de Ciências Atuariais da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Além disso, ele deve saber escrever. "Não são só números. O atuário dá pareceres, precisa de uma boa redação", diz ela.
Com cursos diurno e noturno, a Uerj formou a primeira turma na área no ano passado. "A demanda pelo profissional cresceu com a modernização da informática", diz a coordenadora. "Surgiram métodos avançados para calcular riscos, e hoje há novos programas."

Números
Matemática financeira, teoria matemática do seguro privado e do seguro social, contabilidade e expressão verbal são algumas das disciplinas do curso da PUC-SP, por exemplo.
Foi essa carga de matérias ligadas a exatas que atraiu a universitária Karina Reis, 21. Ela está no terceiro ano do curso da USP e trabalha desde o segundo ano. Hoje lida com seguro de saúde. "É o setor de que eu mais gosto na atuária."
Mas o ramo de opções do atuário é grande: além de trabalhar em companhias de seguros, ele pode ser empregado em empresas de previdência privada, bancos e em órgãos públicos, entre outros locais.
Embora não haja sindicato que represente a classe, Daniela de Mendonça, do IBA, afirma que o salário inicial de um recém-formado gira, no eixo Rio-São Paulo, em torno de R$ 2.500 a R$ 3.500.
Mas, para poder exercer a profissão, o graduado em ciências atuariais deve fazer uma prova de certificação anual que o IBA realiza -é uma espécie de exame da OAB para os futuros atuários.
(LUISA ALCANTARA E SILVA)


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