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ATUALIDADES
Os números da miséria no Brasil
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Divulgado o resultado final das
eleições, o presidente eleito,
Luiz Inácio Lula da Silva, declarou
que a prioridade do seu governo
será o combate à fome. Comunicou ainda que considera a missão
de sua vida chegar ao final do
mandato com os brasileiros fazendo três refeições por dia.
Para que esse compromisso seja
executado, deverá ser criada a Secretaria Nacional de Emergência
Social, responsável pela implementação do Projeto Fome Zero.
Lançado na campanha presidencial, esse programa deverá assegurar um gasto mínimo com alimentação de R$ 50 a R$ 150 para
as famílias que comprovarem
uma renda per capita inferior a R$
76. A distribuição dos valores será
efetuada por meio de cupons que
somente poderão ser usados em
estabelecimentos credenciados.
Segundo números divulgados
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) em conjunto com o Fundo de População
da ONU, o Brasil tem 54 milhões
de pessoas vivendo com renda
média per capita mensal abaixo
de meio salário mínimo ou cerca
de R$ 100. Esse é um quadro trágico, que penaliza cerca de 32,1% da
população, sendo que, no Sudeste, 18% se enquadram nesse perfil,
enquanto, no Nordeste, esse número chega a 51% dos cidadãos.
A iniciativa do novo governo
com o Projeto Fome Zero tem sido alvo de críticas. Seus adversários argumentam que o uso de cupons estimulará o surgimento de
um "mercado paralelo" de compra desses tíquetes, de modo que
seria mais adequado oferecer dinheiro às famílias. Com mais autonomia, poderiam investir esse
recurso de acordo com suas necessidades, o que representaria
um avanço em direção à cidadania. E, como enfatiza um de seus
coordenadores, Frei Betto, é esse
o maior desafio do programa,
promover a inclusão social, ou seja, "fazer com que o faminto se
torne um cidadão".
Roberto Candelori é coordenador da Cia.
de Ética, professor da Escola Móbile e do
Objetivo. E-mail: rcandelori@uol.com.br
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