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ENEM
USP quer compensar perda do Enem
Alunos da escola pública terão bônus semelhante ao do exame; fórmula será definida nesta 5ª
Patrícia Araújo/Folha Imagem
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Felipe Macedo e Michelle Gomes, que fariam o Enem para melhorar a nota na USP; universidade vai criar fórmula para substituir o bônus do Enem no vestibular
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
NATÁLIA SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A USP vai criar uma fórmula
para que os alunos de escola
pública não sejam prejudicados
com a ausência do Enem no
vestibular da Fuvest. O exame
poderia acrescentar até 6% à
nota final do candidato, dependendo de seu desempenho.
Sem o Enem, ficaria mais
complicado para o aluno da rede pública ser aprovado. Isso
porque a universidade havia
decidido manter o bônus, mas
ele seria calculado com base em
uma prova mais difícil que o
Enem: a nota da primeira fase
do vestibular.
A ideia da fórmula é justamente corrigir essa distorção
-e dar ao candidato a mesma
chance de obter o bônus de 6%
que ele teria se fizesse o Enem.
"O vestibular da Fuvest é
mais difícil que o Enem. Quem
acerta a metade do Enem, por
exemplo, não consegue acertar
a metade da primeira fase da
Fuvest. Então, haverá uma fórmula para corrigir essa diferença e fazer com que o bônus seja
o mesmo que o Enem daria",
afirmou Mauro Bertotti, coordenador do grupo de trabalho
que discute o vestibular.
No vestibular do ano passado, o Enem ajudou em média
3% na nota. "Vamos fazer com
que o bônus permaneça em
3%", afirmou. Por trás da proposta, está a necessidade de
manter o mesmo patamar de
alunos de escola pública que
conseguem entrar na USP -em
2008, foram 30%.
O modo como essa compensação ocorrerá será discutida
quinta-feira, em reunião do
grupo coordenado por Bertotti,
ligado à pró-reitoria de graduação. Foi essa mesma equipe que
decidiu excluir o Enem do vestibular da USP, na última quarta-feira -a avaliação foi que
não haveria tempo hábil para
levar em conta a nota do exame,
adiado para dezembro.
O bônus de 6% do Enem faz
parte do Inclusp, projeto de inclusão social da universidade
que dá, ainda, 3% para os que fizeram todo o ensino médio em
escolas públicas e mais 3% para
quem aderiu ao Pasusp (avaliação seriada). No total, o acréscimo na nota pode chegar a 12%.
Pelo Inclusp, 896 estudantes
entraram na USP em 2009
-3.089 alunos da rede pública
passaram no vestibular; não
fosse o bônus, seriam 2.193.
Até o ano passado, todos os
candidatos, inclusive os da rede
particular, também podiam
usar o Enem -o exame era usado para compor até 20% da nota da primeira fase.
Alívio
Para o professor Edmilson
Motta, coordenador do Etapa, a
compensação proposta pela
USP traz algum alívio aos alunos de escola pública, temerosos de que a ausência do Enem
na Fuvest os prejudicasse.
"Os alunos estavam bem inseguros. Manter o bônus é muito bom, pelo menos para manter condições similares às do
ano passado", afirmou. "Haverá um impacto positivo, principalmente nos cursos mais concorridos. Se você pegar um curso disputado, como há vários na
USP, 1% é a diferença entre
passar e não passar."
Mas a incerteza ainda deixa
os alunos tensos. Leandro Waldoski, 20, quer cursar economia na USP e diz se sentir prejudicado, porque a prova do
Enem era mais fácil. "Eu vi a
prova que vazou e tinha certeza
que me daria bem."
Felipe Macedo, 22, quer fazer marketing e diz que gostaria de contar com o exame no
vestibular. "Tive amigos que
passaram por causa do Enem. A
gente fica mais receoso." Já Michelle Belaus Gomes, que quer
direito, ficou desanimada. "A
prova da Fuvest é mais difícil."
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