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CÁLCULO DA DIFICULDADE
Para coordenadores, parte do problema está na maneira como elas são ensinadas
Média de acerto em exatas é de 31,7%
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
No último vestibular da Fuvest,
o número de candidatos que
escolheram carreiras de humanas
foi mais do que o dobro dos que
optaram pelas de exatas. No mesmo processo seletivo, enquanto as
matérias de humanas tiveram
uma média de acerto de 46,92%
do total de perguntas da área na
primeira fase, nas de exatas, a média foi de 31,67%.
Física, matemática e química
são as matérias em que os vestibulandos em média têm mais dificuldades na Fuvest e na Vunesp.
As carreiras que têm essas disciplinas como base também costumam ser menos procuradas, apesar do bom mercado de trabalho.
Exemplo de vestibulando com
dificuldades em exatas é o candidato de audiovisuais Heraldo Pereira de Souza, 21. Nos simulados,
enquanto quase gabarita as questões de humanas, ele acerta apenas cerca da metade das de exatas.
"Não gosto tanto das matérias de
exatas e tenho que me esforçar
muito mais para me sair bem."
Isso, segundo os coordenadores
dos vestibulares das universidades estaduais de São Paulo, também professores universitários de
matérias de exatas, deve-se, em
parte, às próprias disciplinas e,
em parte, ao modo de ensiná-las.
"Nada melhor do que um mau
professor para criar ódio de alguma coisa. Já vi gente dando aula
que, se eu fosse aluno, também
odiaria física. Existe uma maneira
desagradável de ensinar, que é a
baseada em fórmulas, que é o menos importante", disse Leandro
Tessler, coordenador-executivo
do vestibular da Unicamp e professor de física na universidade.
O coordenador da Fuvest e professor da licenciatura em matemática da USP, Roberto Costa,
também credita parte do problema aos docentes. "Se o estudante
tem um professor que consegue
despertar a atenção do aluno, ele
não cria "anticorpos" contra a matéria." Por outro lado, ele afirma
que as exatas têm uma especificidade que exige mais de professores e de alunos: o nível de abstração. "Em humanas, quando o
professor fala em montanha, todo
mundo sabe o que é uma montanha. Agora, e equação? O que é
uma equação? Desenvolver essa
capacidade de abstração é papel
do professor", disse ele.
Uma das formas de tornar essas
matérias menos abstratas, segundo ele, seria mostrar suas aplicações no cotidiano. "Trazendo para a vida prática, o estudante entende que tudo aquilo não é delírio de um monte de malucos."
A dificuldade específica de exatas, segundo o diretor acadêmico
da Vunesp e professor da licenciatura em física da Unesp, Fernando Dagnoni Prado, está nos conceitos utilizados, que em geral são
abstratos, e na linguagem matemática usada para expressá-los.
Para os vestibulandos, isso traz
uma implicação no modo como
devem estudar as matérias. De
acordo com Prado, é importante
que, antes de atacar os exercícios,
o aluno entenda muito bem os
conceitos envolvidos. "Um caminho é começar pelo conceitual,
pelo qualitativo, e deixar o formalismo matemático, as fórmulas,
para um segundo momento. Se
for direto aplicar as fórmulas, vai
ter duas dificuldades, a matemática e a de não saber a que se refere
aquilo", disse ele.
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