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BIOLOGIA
Agricultura, adubos, nutrientes e lixo tóxico
FABIO GIORDANO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Ecossistemas dependem dos ciclos biogeoquímicos de micro e
de macronutrientes para a sua sobrevivência. A indústria de fertilizantes, em geral, sabe dessa necessidade e procura colocar nos
adubos esses importantes elementos químicos para melhorar a
produtividade da agricultura.
O que não se imaginava até então é que cargas encontradas neste ano no porto de Santos, e cujos
documentos oficiais diziam conter minérios de pó de zinco, manganês, ferro e cobre (destinados a
serem misturados ao adubo para
suprir as deficiências de nutrientes do solo, para prepará-lo para a
agricultura), continham na verdade lixo tóxico importado para
enriquecer fertilizantes, com
enorme potencial para contaminar o solo, a água e, conseqüentemente, toda a lavoura.
A denúncia feita à Justiça mostra que esses micronutrientes
agrícolas, geralmente empregados para suprir as deficiências do
solo, estão sendo substituídos por
lixo tóxico de indústrias nacionais
e de empresas de países desenvolvidos, incluindo na sucata todo o
tipo de resíduo, tais como chumbo, cádmio, arsênio, cromo e organoclorados.
Essas substâncias existem na
natureza, porém em baixas concentrações. "O chumbo é encontrado no solo em 40 partes por
milhão e, nessa carga tóxica, chega a estar acima de 25 mil partes
por milhão", constatou o mestre
em poluição Elio Lopes dos Santos, que auxilia nas análises desse
problema.
As plantações e o ambiente que
tiverem contato com esses elementos no solo e na água contaminada podem propagar a contaminação em doses ainda mais
alarmantes ao último elo na cadeia alimentar: seres humanos.
A importação de insumos tóxicos, contendo compostos de cádmio, chumbo e arsênico, se constatada, desobedece à lei Conama
23, que estabelece que é proibida a
importação de resíduos perigosos
com os metais citados, sob qualquer pretexto e para qualquer finalidade. Precisamos zelar pelo
nosso planeta!
Fabio Giordano é bacharel em biologia,
doutor em ecologia pela USP e professor-pesquisador da Unisanta. E-mail:
giordano@unisanta.br
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