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HISTÓRIA
A crise de 29 e a depressão do capitalismo
CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
A crise de 1929 e dos anos subseqüentes teve sua origem no
grande aumento da produção industrial e agrícola nos EUA durante a Primeira Guerra Mundial,
uma vez que o mercado consumidor, principalmente o externo, representado pelos países em guerra na Europa e pelos da América
Latina, tradicionais consumidores dos produtos europeus, conheceu ampliação significativa.
O rápido crescimento da produção e das empresas valorizou as
ações e estimulou a especulação,
responsável pela "pequena crise"
de 1920-21. Se o desenvolvimento
de novos setores industriais amenizou a crise na indústria de base,
o mesmo não ocorreu com a agricultura, contribuindo para a retração do mercado consumidor.
Os anos 20 foram marcados pela prosperidade do país, mas de
forma a acentuar a desigualdade
socioeconômica -a parcela mais
rica da população aumentava sua
riqueza, diferentemente da classe
trabalhadora. Essa prosperidade
era fruto de uma situação de equilíbrio precário da economia, com
a concentração maciça de capitais, que, por sua vez, eram originários da superprodução e da facilidade na obtenção de créditos.
A superprodução foi característica de todo esse período, favorecida pela política de liberalismo
econômico adotada pelo Estado e
responsável pelo aumento dos estoques, pela queda nos preços, pela redução dos lucros e pelo desemprego. A facilidade de créditos, concedidos tanto às pessoas
como às empresas, pretendia aumentar o consumo. Dessa maneira manteve-se a ilusão de que a
crise era passageira.
Em outubro de 29, a venda de
ações cresceu nas Bolsas de Valores, criando uma tendência de
baixa no preço das ações, que fez
com que cada vez mais investidores/especuladores vendessem
seus papéis. De 24 a 29 de outubro, a Bolsa de Nova York teve
um prejuízo de US$ 40 bilhões.
Em abril de 1930, havia 3 milhões
de desempregados; em outubro, 4
milhões; um ano depois, existiam
7 milhões e, no início de 1933, de
12 milhões a 14 milhões.
A redução da receita tributária
que atingiu o Estado fez que não
só os empréstimos ao exterior
fossem suspensos e as dívidas cobradas como também que fossem
criadas altas tarifas sobre produtos importados, o que fez que a
crise se tornasse internacional.
Dica: de que maneira a crise do
"liberalismo econômico" nas décadas de 20 e 30 pode ser comparada com a crise do neoliberalismo das últimas décadas?
Claudio B. Recco é coordenador do site
www.historianet.com.br, professor do
Curso Objetivo e autor de novo livro "História em Manchete - O Início do Século"
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