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MATEMÁTICA
Médico também precisa conhecer matemática
JOSÉ LUIZ PASTORE MELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Após o exame clínico no consultório, muitas vezes o médico
solicita ao paciente exames laboratoriais para a verificação de alguma doença. Você sabia que um
resultado positivo nesses exames
pode não significar que você esteja doente?
Quando fazemos um exame laboratorial, podem ocorrer quatro
situações diferentes em relação ao
resultado, que são: (1) estamos
com a doença e o resultado é positivo, (2) estamos com a doença e o
resultado é negativo, (3) não estamos com a doença e o resultado é
positivo, (4) não estamos com a
doença e o resultado é negativo.
Como não existem exames com
margem de erro igual a zero, sempre teremos chance de ocorrência
do caso (2), chamado de falso negativo, e do caso (3), chamado de
falso positivo.
Se um teste laboratorial é muito
sensível para a detecção de uma
doença, isso implica a contrapartida de que ele poderá acusar um
alto número de falsos positivos,
ao passo que, se ele for projetado
com baixa sensibilidade para a
doença, acusará um alto número
de falsos negativos.
Como não é desejável um número alto de falsos negativos, já
que isso atrasa o diagnóstico da
doença, existe um compromisso
dos laboratórios em projetar testes com alta sensibilidade e, conseqüentemente, margem maior
de falsos positivos. Na prática, isso quer dizer que, quando você
recebe um resultado de exame,
existem mais chances de ele estar
errado se for positivo do que se
for negativo.
Por exemplo, no caso do teste de
pele de Mantoux para a detecção
da tuberculose, sabemos que, em
média, 7,5% das pessoas testadas
recebem resultado falso positivo e
apenas 0,69% recebe falso negativo. Assim, se em um teste com 145
amostras tivermos 125 resultados
negativos e 20 positivos, obteremos, em média, 1 falso negativo
(1/145 0,69%) e 11 falsos positivos (11/145 = 7,5%). Como temos
11 falsos positivos em um total de
20 positivos, um resultado positivo pode significar que, ainda assim, o paciente tem 55%
de chance de não ter a doença
(11/20 = 55%).
Essa é a razão pela qual os médicos sempre solicitam do paciente
um novo exame quando estão
diante de um resultado positivo,
uma razão de ordem matemática.
José Luiz Pastore Mello é licenciado
em matemática e mestrando em educação pela USP.
E-mail: jlpmello@uol.com.br
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