São Paulo, terça-feira, 15 de maio de 2007
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MUITAS OPÇÕES

USP abre vagas para transferência

Incerteza na hora da escolha da profissão contribui para abandono ou mudança de curso

DANIELA ARRAIS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem quer mudar de curso tem uma boa chance agora, quando a USP abre processo seletivo para 587 vagas de transferências. Alunos matriculados neste ano em cursos de graduação de qualquer instituição podem se candidatar às vagas.
A transferência é uma das alternativas encontradas por estudantes que percebem que o sonho de realização profissional foi interrompido por falta de afinidade com a opção feita -cerca de 44,5% dos alunos que desistem de um curso o fazem por falta de informação, segundo pesquisa feita pela professora Yvette Piha Lehman (leia texto ao lado).
"É aquela história: a gente tem que fazer vestibular quando ainda é muito novo, acaba escolhendo um curso qualquer e percebe que não era exatamente aquilo que esperávamos", diz o editor de literatura Mateus Potumati, 31.
Em seu primeiro vestibular, Potumati escolheu ciências da computação. "Gostava de matemática, a maioria dos meus amigos estava fazendo o curso, então achei que era uma boa opção, mas me enganei."
Logo depois, Potumati entrou no curso de direito, no qual se formou. "Exerci um pouco a profissão, mas acabei desistindo", lembra.
Ele formou uma banda, começou a trabalhar com produção e projetos até chegar ao trabalho que exerce hoje na editora Conrad. A experiência em cursos tão diferentes não são diretamente aplicadas no trabalho atual, mas, segundo Potumati, lhe "deram um embasamento cultural que ajuda na profissão".
Já Glaucivan Gomes Gurgel, 33, não tem como aproveitar o que estudou no curso de nutrição na sua atual atividade de cantor lírico. "Quando entrei em nutrição, comecei a participar do coral da universidade. Me apaixonei pelo curso, mas fiquei com muita vontade de estudar canto", lembra.
Depois de se formar e atuar na área médica, o cearense mudou-se para São Paulo, onde entrou na faculdade de música. Hoje, é cantor lírico e professor de canto. "Posso não ter usado nada de nutrição no que faço hoje, mas considero a experiência de ter feito duas faculdades bastante válida", afirma.
Maria Alice Stock, 25, tentou cursar filosofia e relações internacionais. "Acabei me deparando com muita teoria e pouca prática. Daí resolvi pedir transferência para cinema, mas só consegui para jornalismo", explica a jornalista, que hoje atua como analista de pesquisa de mercado.
"Tenho a impressão de que a faculdade não é a coisa mais determinante para uma carreira. É importante, claro, mas o que pesa mais é a decisão sobre o que você quer fazer. Afinal, você aprende trabalhando", opina Maria Alice.

Orientação
Para a psicopedagoga Maria Beatriz Loureiro de Oliveira, que coordena o projeto de orientação profissional da Unesp de Araraquara, 90% dos jovens que entram na universidade se perguntam se fizeram a escolha certa, se vão ter segurança e retorno financeiro na profissão.
"Mas essas questões são irrespondíveis. Escolher um curso superior é uma coisa muito dolorosa, é como escolher a pessoa com quem vai se casar e passar a vida toda. Traz dúvida, incerteza, insegurança."
Uma solução para lidar melhor com a escolha é passar por orientação profissional. "Buscamos preparar os alunos para lidar com a "síndrome de início de curso". Ele entra e diz "meu Deus, será que era isso?" E também para lidar com a "síndrome do fim do curso", quando ele questiona o que vai fazer a partir daquele momento."

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