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MUITAS OPÇÕES
USP abre vagas para transferência
Incerteza na hora da escolha da profissão contribui para abandono ou mudança de curso
DANIELA ARRAIS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quem quer mudar de curso
tem uma boa chance agora,
quando a USP abre processo seletivo para 587 vagas de transferências. Alunos matriculados
neste ano em cursos de graduação de qualquer instituição podem se candidatar às vagas.
A transferência é uma das alternativas encontradas por estudantes que percebem que o
sonho de realização profissional foi interrompido por falta
de afinidade com a opção feita
-cerca de 44,5% dos alunos
que desistem de um curso o fazem por falta de informação,
segundo pesquisa feita pela
professora Yvette Piha Lehman (leia texto ao lado).
"É aquela história: a gente
tem que fazer vestibular quando ainda é muito novo, acaba
escolhendo um curso qualquer
e percebe que não era exatamente aquilo que esperávamos", diz o editor de literatura Mateus Potumati, 31.
Em seu primeiro vestibular,
Potumati escolheu ciências da
computação. "Gostava de matemática, a maioria dos meus
amigos estava fazendo o curso,
então achei que era uma boa
opção, mas me enganei."
Logo depois, Potumati entrou no curso de direito, no
qual se formou. "Exerci um
pouco a profissão, mas acabei
desistindo", lembra.
Ele formou uma banda, começou a trabalhar com produção e projetos até chegar ao trabalho que exerce hoje na editora Conrad. A experiência em
cursos tão diferentes não são
diretamente aplicadas no trabalho atual, mas, segundo Potumati, lhe "deram um embasamento cultural que ajuda na
profissão".
Já Glaucivan Gomes Gurgel,
33, não tem como aproveitar o
que estudou no curso de nutrição na sua atual atividade de
cantor lírico. "Quando entrei
em nutrição, comecei a participar do coral da universidade.
Me apaixonei pelo curso, mas
fiquei com muita vontade de
estudar canto", lembra.
Depois de se formar e atuar
na área médica, o cearense mudou-se para São Paulo, onde
entrou na faculdade de música.
Hoje, é cantor lírico e professor
de canto. "Posso não ter usado
nada de nutrição no que faço
hoje, mas considero a experiência de ter feito duas faculdades
bastante válida", afirma.
Maria Alice Stock, 25, tentou
cursar filosofia e relações internacionais. "Acabei me deparando com muita teoria e pouca
prática. Daí resolvi pedir transferência para cinema, mas só
consegui para jornalismo", explica a jornalista, que hoje atua
como analista de pesquisa de
mercado.
"Tenho a impressão de que a
faculdade não é a coisa mais determinante para uma carreira.
É importante, claro, mas o que
pesa mais é a decisão sobre o
que você quer fazer. Afinal, você aprende trabalhando", opina
Maria Alice.
Orientação
Para a psicopedagoga Maria
Beatriz Loureiro de Oliveira,
que coordena o projeto de
orientação profissional da
Unesp de Araraquara, 90% dos
jovens que entram na universidade se perguntam se fizeram a
escolha certa, se vão ter segurança e retorno financeiro na
profissão.
"Mas essas questões são irrespondíveis. Escolher um curso superior é uma coisa muito
dolorosa, é como escolher a
pessoa com quem vai se casar e
passar a vida toda. Traz dúvida,
incerteza, insegurança."
Uma solução para lidar melhor com a escolha é passar por
orientação profissional. "Buscamos preparar os alunos para
lidar com a "síndrome de início
de curso". Ele entra e diz "meu
Deus, será que era isso?" E também para lidar com a "síndrome
do fim do curso", quando ele
questiona o que vai fazer a partir daquele momento."
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