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CURSOS NOVOS
Na UFMG, falta de professor a talher
Universidade participa do Reuni, programa de expansão de vagas do governo federal
FLÁVIA MARTIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
PATRÍCIA GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL
Preso na porta da sala do recém-criado curso de restauração de bens culturais imóveis
da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), um papel
informa os alunos sobre as seis
disciplinas que aguardam a
contratação de professores.
Outras cinco foram canceladas.
O curso de restauração, criado em 2008, foi a primeira graduação fruto do Reuni (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) na universidade mineira, que alcançou nota máxima no mais recente IGC (Índice Geral de
Cursos), indicador que mede a
qualidade das instituições.
O Reuni, programa do Ministério da Educação, tem, entre
outras metas, dobrar até 2012
as vagas nas universidades federais ao criar cursos ou ampliar as vagas nos já existentes.
Com a chegada de um volume maior de calouros, as longas
filas do bandejão do campus
Pampulha da federal mineira
se tornaram outra dor de cabeça, afirmam os alunos. Segundo
eles, há dias em que falta talher.
Além de poucos professores
e da superlotação do restaurante, as salas de aula também andam mais cheias do que os alunos gostariam. As obras de expansão, relatam os estudantes,
estão atrasadas e atrapalham
por serem feitas de dia.
Aluna do segundo período de
restauração, Alice Gontijo, 19,
diz que falta ainda formação específica a professores de disciplinas técnicas, como a que trata dos insetos que danificam os
bens culturais. Segundo ela, a
aula é dada por uma professora
sem formação em biologia.
"A impressão é que tudo é feito na base do improviso", diz.
O reitor da UFMG, Ronaldo
Tadêu Pena, reconhece que
houve um problema na contratação de professores para o curso de restauração, mas diz que
foi uma questão pontual.
"Ali aconteceu uma coisa
bem localizada. O problema se
prendeu à autorização para
contratação. Eu liguei para o
ministro [Fernando Haddad], e
o MEC me deu uma solução.
Talvez, se a gente começasse
esse curso em 2010, não haveria problema, mas perderíamos
um ano", diz Pena.
Sobre possíveis atrasos na
contratação de professores em
outros cursos, Pena os chamou
de "pequenos contratempos".
"Visto por mim, como gestor,
eu considero pequenos contratempos. Visto pelo aluno, que
está lá vivendo a questão, é um
grande problema. Eu reconheço que é. Mas a gente tem que
pensar no médio e no longo
prazo", afirmou.
O reitor concordou que as
obras trazem transtornos a todos, mas disse que o período é
transitório. "Não tem jeito de
fazer obra sem barulho", diz.
Afinado com o discurso do
MEC (leia mais na pág. 5), Pena
considerou a falta de talher
-da qual diz não ter notícia-
um problema menor diante do
que a expansão representa para a universidade e para o país.
Os problemas não são exclusivos da UFMG. Na UnB (Universidade de Brasília), que
também participa do Reuni, os
alunos dizem que o barulho das
obras atrapalha as aulas.
Além disso, até a semana
passada, estudantes do segundo período da recém-criada
graduação em gestão de políticas públicas temiam ficar sem
professores para as matérias
específicas.
No entanto, após ser questionada pela reportagem sobre a
falta de docentes, a UnB informou aos alunos que dez novos
professores foram contratados.
Sobre as obras, a decana de
graduação da UnB, Márcia
Abrahão, disse que melhorias
no espaço físico são reivindicadas há anos por professores e
alunos e pede a compreensão
deles para os transtornos.
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