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VALE A PENA SABER
MATEMÁTICA
A geologia e o uso da matemática
JOSÉ LUIZ PASTORE MELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Um conhecido teorema sobre relações métricas em um círculo
nos diz que, se duas cordas se encontram, então o produto das
medidas dos segmentos de uma é
igual ao produto das medidas dos
segmentos da outra. Aplicando o
teorema às cordas AB e CD da figura 1, temos que PA.PB = PC.PD.
Vejamos uma aplicação desse
teorema utilizada por geólogos
para estimar o diâmetro de um
suposto corpo celeste que teria
atingido a Terra muitos anos atrás
em uma região do México conhecida como península de Yucatán.
Yucatán é uma península de
grande importância arqueológica
limitada pelo golfo do México e
pelo mar do Caribe. Nessa região,
existe um enorme poço sagrado,
que era utilizado por povos antigos para rituais de sacrifício. Supõe-se hoje em dia que esse poço
tenha sido formado pelo choque
de um asteróide ou de um meteorito com a península. Vamos estimar o tamanho do corpo celeste
que teria dado origem ao poço.
Sendo A, B e C três pontos do
anel do poço e admitindo que ele
foi formado por um corpo celeste
esférico, o diâmetro desse corpo
pode ser estimado com a construção auxiliar de uma perpendicular à AB pelo ponto C, como indica a figura 2. Dados de pesquisa
de campo coletados por geólogos
indicam que PC = 39.6km e que
PA = PB = 74.8km. Usando o teorema das cordas para calcular 00,
basta fazer PA.PB=PC.PD, ou seja, 74,8.74,8 = 39.6km.PD para encontrar PD = 141,3. Uma vez que
o diâmetro do corpo celeste do
nosso modelo é PC + PD, concluímos que ele media aproximadamente 181 km. Já imaginou? O
meteorito tinha o raio aproximadamente igual à distância entre
São Paulo e Campinas.
José Luiz Pastore Mello é professor da
Faculdade de Educação da Universidade
de São Paulo.
E-mail: jlpmello@uol.com.br
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