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PRECOCE
Fazer vestibular antes da hora ajuda a se acostumar com prova
Para professores, alunos podem direcionar estudos
FERNANDA NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No último vestibular da Fuvest, os treineiros -estudantes
que fazem a prova antes de terminar o ensino médio- foram
9,1% dos 142.656 inscritos. Interessados em se familiarizar
com a prova, os estudantes
prestam o vestibular cada vez
mais cedo, alguns já no primeiro ano do ensino médio.
Ana Luisa Wu, 15, acaba de
terminar o primeiro ano, se
empolgou ao ver o irmão estudando para o vestibular e decidiu matar a própria curiosidade. Inscreveu-se na Fuvest como treineira na área de biológicas, apesar de ainda estar em
dúvida entre engenharia e medicina. "No dia da primeira fase, fiquei nervosa. Primeiro não
sabia onde era minha sala, depois não sabia se tinha que
preencher o gabarito a lápis ou
a caneta", conta.
Mesmo assim ela passou para a segunda fase e teve a oportunidade de vivenciar até mais
do que imaginava que conseguiria. "As provas dissertativas
são mais difíceis. Tive que deixar boa parte das questões de
física e química em branco."
Segundo sua mãe, Yap Betty
Chan, o desempenho da estudante superou as expectativas.
"Ela fez a primeira fase para
brincar, contagiada pelo clima
de vestibular que estava em casa, e acabou indo bem", diz Yap.
Jéssica Cardoso, 15, que também completou o primeiro ano
em 2006, levou o treinamento
um pouco mais a sério, já que
está decidida pelo curso de medicina, um dos mais concorridos. "Fiz para me acostumar
com a prova. Fui bem, mas já vi
que há matérias que tenho que
estudar mais, como história,
geografia e matemática."
Segundo Priscila Oliveira Alves, coordenadora do colégio
Etapa, a participação no vestibular é incentivada desde o primeiro ano do ensino médio na
escola. "É mais para eles sentirem o clima do que para se
preocuparem com conteúdo",
afirma. Cerca de 50% dos estudantes do colégio fazem o vestibular no primeiro ano e quase
todos, no segundo, diz Priscila.
Os alunos do segundo ano, de
acordo com ela, usam o resultado para direcionarem melhor
os estudos. "Como treineiros,
eles se permitem errar e depois
usam os dados para se auto-avaliar."
Para Cleide Fernandes Ruy,
coordenadora pedagógica do
ensino médio do colégio Magno, são vários os benefícios para o estudante que já começa a
prestar o vestibular como treineiro desde o primeiro ano.
"Eles já começam a ter consciência de que terão de fazer o
vestibular e escolher uma profissão, podem avaliar como estão nas diferentes disciplinas,
precisam ter a preocupação de
estar num local determinado,
chegar com antecedência, gerenciar o tempo e ainda podem
sentir o clima competitivo da
prova", afirma. Segundo Cleide,
isso faz com que o estudante vá
mais seguro para o exame no final do terceiro ano.
Tiago Pomella Lobo, 16, fez a
avaliação continuada da Faap
(Fundação Armando Álvares
Penteado). Se fizer os exames
do segundo e do terceiro ano,
poderá ser aprovado no vestibular da faculdade com as notas
das três provas. "Fiz mais como
treinamento. Fui bem, mas
percebi que preciso pesquisar
mais por conta própria, além do
que aprendo nas aulas."
Além de perceberem os pontos fracos, segundo o professor
Alberto Francisco do Nascimento, do cursinho Anglo, o
treinamento também é uma
forma de diminuir o nervosismo em relação ao vestibular.
"Quando for para valer, o estudante deixa a ansiedade de
lado e acredita mais na sua capacidade", explica. Para ele, a
quantidade de estudantes que
prestam vestibular como treineiros ainda é pequena. "Muitos colégios não orientam e os
pais querem economizar [as taxas de inscrição]."
Para o professor, o investimento pode ser alto para alguns, mas vale a pena. "Uma
coisa é treinar em casa e outra é
treinar fazendo a prova de verdade", afirma.
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