São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2007
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PRECOCE

Fazer vestibular antes da hora ajuda a se acostumar com prova

Para professores, alunos podem direcionar estudos

FERNANDA NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No último vestibular da Fuvest, os treineiros -estudantes que fazem a prova antes de terminar o ensino médio- foram 9,1% dos 142.656 inscritos. Interessados em se familiarizar com a prova, os estudantes prestam o vestibular cada vez mais cedo, alguns já no primeiro ano do ensino médio.
Ana Luisa Wu, 15, acaba de terminar o primeiro ano, se empolgou ao ver o irmão estudando para o vestibular e decidiu matar a própria curiosidade. Inscreveu-se na Fuvest como treineira na área de biológicas, apesar de ainda estar em dúvida entre engenharia e medicina. "No dia da primeira fase, fiquei nervosa. Primeiro não sabia onde era minha sala, depois não sabia se tinha que preencher o gabarito a lápis ou a caneta", conta.
Mesmo assim ela passou para a segunda fase e teve a oportunidade de vivenciar até mais do que imaginava que conseguiria. "As provas dissertativas são mais difíceis. Tive que deixar boa parte das questões de física e química em branco."
Segundo sua mãe, Yap Betty Chan, o desempenho da estudante superou as expectativas. "Ela fez a primeira fase para brincar, contagiada pelo clima de vestibular que estava em casa, e acabou indo bem", diz Yap.
Jéssica Cardoso, 15, que também completou o primeiro ano em 2006, levou o treinamento um pouco mais a sério, já que está decidida pelo curso de medicina, um dos mais concorridos. "Fiz para me acostumar com a prova. Fui bem, mas já vi que há matérias que tenho que estudar mais, como história, geografia e matemática."
Segundo Priscila Oliveira Alves, coordenadora do colégio Etapa, a participação no vestibular é incentivada desde o primeiro ano do ensino médio na escola. "É mais para eles sentirem o clima do que para se preocuparem com conteúdo", afirma. Cerca de 50% dos estudantes do colégio fazem o vestibular no primeiro ano e quase todos, no segundo, diz Priscila. Os alunos do segundo ano, de acordo com ela, usam o resultado para direcionarem melhor os estudos. "Como treineiros, eles se permitem errar e depois usam os dados para se auto-avaliar."
Para Cleide Fernandes Ruy, coordenadora pedagógica do ensino médio do colégio Magno, são vários os benefícios para o estudante que já começa a prestar o vestibular como treineiro desde o primeiro ano.
"Eles já começam a ter consciência de que terão de fazer o vestibular e escolher uma profissão, podem avaliar como estão nas diferentes disciplinas, precisam ter a preocupação de estar num local determinado, chegar com antecedência, gerenciar o tempo e ainda podem sentir o clima competitivo da prova", afirma. Segundo Cleide, isso faz com que o estudante vá mais seguro para o exame no final do terceiro ano.
Tiago Pomella Lobo, 16, fez a avaliação continuada da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado). Se fizer os exames do segundo e do terceiro ano, poderá ser aprovado no vestibular da faculdade com as notas das três provas. "Fiz mais como treinamento. Fui bem, mas percebi que preciso pesquisar mais por conta própria, além do que aprendo nas aulas."
Além de perceberem os pontos fracos, segundo o professor Alberto Francisco do Nascimento, do cursinho Anglo, o treinamento também é uma forma de diminuir o nervosismo em relação ao vestibular.
"Quando for para valer, o estudante deixa a ansiedade de lado e acredita mais na sua capacidade", explica. Para ele, a quantidade de estudantes que prestam vestibular como treineiros ainda é pequena. "Muitos colégios não orientam e os pais querem economizar [as taxas de inscrição]."
Para o professor, o investimento pode ser alto para alguns, mas vale a pena. "Uma coisa é treinar em casa e outra é treinar fazendo a prova de verdade", afirma.


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