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CARREIRA
Editoração envolve todas as etapas da produção de um livro
Profissional também pode atuar com conteúdo digital
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Sabe aquele livro pelo qual
você se apaixona logo ao ver a
capa? Ali há o dedo de um profissional de editoração.
Ele define, por exemplo, se a
capa será ilustrada, qual tipo e
tamanho da letra e do papel,
analisa os originais do livro e
propõe mudanças, além de planejar estratégias para vendê-lo.
"O profissional tem de conhecer todos os passos de um
produto editorial", afirma Plínio Martins, coordenador do
curso de editoração da USP e
presidente da Edusp, a editora
da universidade.
Nos quatro anos de curso, diz
Martins, o estudante tem formação abrangente, focada em
disciplinas humanísticas.
"Além de atuar com texto, o
editor pode trabalhar na parte
da criação, mesmo que não seja
artista, porque tem noção de
artes gráficas, de literatura, de
história da arte."
No curso da USP, uma das tarefas é criar um produto, desde
o planejamento até o lançamento. Um livro, em geral, demora de 15 dias a dois anos para
ser produzido -os estudantes
têm três semestres para concluir o projeto na faculdade.
A proposta é permitir ao aluno o maior contato possível
com a realidade da profissão,
diz Martins. Aliás, a alta empregabilidade é uma das características do curso, segundo ele.
"No segundo ano muitos alunos já começam a trabalhar."
Editoração atraiu 14 candidatos por vaga no último vestibular da Fuvest.
Um requisito da carreira é
ser bem informado, diz Elisa
Braga, diretora de produção da
Companhia das Letras e formada pela USP. Segundo ela, a editora costuma contratar alunos
ou ex-alunos da USP em razão
da formação específica -não
obrigatória para atuar na área,
que atrai também profissionais
de letras, jornalismo e design,
entre outros.
No Brasil há 13 cursos de editoração ou produção editorial,
de acordo com cadastro do Ministério da Educação. Na Universidade Anhembi Morumbi,
por exemplo, a ênfase é em
"multimeios", afirma a coordenadora Maria José Rosolino.
A ideia, diz, é explorar o mercado além da abordagem tradicional. "As editoras estão apostando muito no conteúdo digital. Na área de educação, há artigos, pesquisas, material de
atividades para professores,
leituras complementares, fóruns de discussão."
Gustavo Ferreira, 26, atua na
área de educação. Ele é assistente editorial da Hub Editorial, divisão da SBS criada para
desenvolver livros eletrônicos,
aulas interativas e workshops
virtuais. Formado em 2004 na
Anhembi, diz ter tomado gosto
pela profissão influenciado pela mãe, funcionária de editora.
"É muito legal chegar a uma livraria e ver o material que ajudei a produzir."
Elisa, da Companhia das Letras, diz se sentir quase coautora quando vê seu trabalho elogiado. Foi assim quando o escritor americano Paul Auster
aprovou a capa do livro "Noite
do Oráculo", criada por ela e
inspirada em papel de embalar
maçã. "Ele disse que era a melhor capa para o livro dele em
todo o mundo."
A capa, diz, é "absolutamente
essencial". "Tem de passar para
o consumidor um pouco da história e do clima." Elisa revela
um segredo de produção: em
romances, por exemplo, evita-se pôr uma foto frontal. "Senão
o personagem já é entregue
com um rosto, o que faz perder
um pouco do clima da história."
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