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A CAMINHO DA SALA DE AULA
Maior desafio é obter a atenção do aluno
Para dar aula, é preciso ser paciente e gostar de estudar
JULIANA CARIELLO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quase metade (41%) dos professores dos níveis fundamental e médio do Estado de São
Paulo dá aulas para cinco ou
mais turmas, nem sempre na
mesma escola. Quando o universo analisado é o Brasil todo,
essa porcentagem cai para 35%.
Os dados são do Censo Escolar da Educação Básica, recém-divulgado pelo Inep (instituto
de pesquisas do Ministério da
Educação) e que considera as
redes pública e privada.
Mesmo se o professor tiver
uma única turma, seu trabalho
começa antes de entrar na classe: é preciso preparar aulas,
corrigir provas e se manter
atualizado. A somatória dessas
atividades, segundo professores entrevistados, dá, em média, 12 horas de trabalho por
dia. Finais de semana também
não costumam ser totalmente
livres para o lazer.
A carga horária puxada ou o
salário aquém do desejado não
foram citados, porém, como os
principais desafios da profissão. "Atrair a atenção dos alunos para o conteúdo ensinado
é, sem dúvida, a maior dificuldade de um professor", concordam os educadores Áurea de
Souza Bazzi e Luiz da Costa,
ambos no magistério há pelo
menos 15 anos e com experiência nas redes pública e privada.
Além de ter criatividade e
trabalhar muito, para se tornar
professor é preciso gostar de
interagir com as pessoas, se interessar pelos outros, ser paciente, gostar de estudar e agir
de forma equilibrada -o aluno,
indivíduo em formação, observa as atitudes do educador.
Aluna do terceiro ano do ensino médio, Ana Maria Antunes, 17, afirma que quer ser professora para ajudar na formação de pessoas, o que inclui
transmissão de conteúdo e
também de valores.
"Meus amigos dizem que sou
louca por escolher essa profissão. Eles acham que paga pouco
e ainda é preciso aturar alunos
superdesinteressados", conta
Ana Maria, que não se abala
com os comentários.
A estudante de biologia Cláudia Orsini, 21, não pensava em
dar aula quando entrou na faculdade. A ideia dela era trabalhar em algum órgão público de
fiscalização, como o Ibama.
"Ao começar o estágio obrigatório em uma escola particular, mudei de opinião. Agora
quero ser professora", conta
Cláudia, que também estagia
no Ministério Público Federal.
No caso de Nadine Freire, 24,
o gosto pelo magistério veio depois de três anos de formada.
Ao voltar da Austrália, começou a dar aula de laboratório
ainda sem convicção de que este seria o caminho certo. "Estou feliz com a escolha."
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