São Paulo, terça-feira, 16 de junho de 2009
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A CAMINHO DA SALA DE AULA

Maior desafio é obter a atenção do aluno

Para dar aula, é preciso ser paciente e gostar de estudar
JULIANA CARIELLO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quase metade (41%) dos professores dos níveis fundamental e médio do Estado de São Paulo dá aulas para cinco ou mais turmas, nem sempre na mesma escola. Quando o universo analisado é o Brasil todo, essa porcentagem cai para 35%.
Os dados são do Censo Escolar da Educação Básica, recém-divulgado pelo Inep (instituto de pesquisas do Ministério da Educação) e que considera as redes pública e privada.
Mesmo se o professor tiver uma única turma, seu trabalho começa antes de entrar na classe: é preciso preparar aulas, corrigir provas e se manter atualizado. A somatória dessas atividades, segundo professores entrevistados, dá, em média, 12 horas de trabalho por dia. Finais de semana também não costumam ser totalmente livres para o lazer.
A carga horária puxada ou o salário aquém do desejado não foram citados, porém, como os principais desafios da profissão. "Atrair a atenção dos alunos para o conteúdo ensinado é, sem dúvida, a maior dificuldade de um professor", concordam os educadores Áurea de Souza Bazzi e Luiz da Costa, ambos no magistério há pelo menos 15 anos e com experiência nas redes pública e privada.
Além de ter criatividade e trabalhar muito, para se tornar professor é preciso gostar de interagir com as pessoas, se interessar pelos outros, ser paciente, gostar de estudar e agir de forma equilibrada -o aluno, indivíduo em formação, observa as atitudes do educador.
Aluna do terceiro ano do ensino médio, Ana Maria Antunes, 17, afirma que quer ser professora para ajudar na formação de pessoas, o que inclui transmissão de conteúdo e também de valores.
"Meus amigos dizem que sou louca por escolher essa profissão. Eles acham que paga pouco e ainda é preciso aturar alunos superdesinteressados", conta Ana Maria, que não se abala com os comentários.
A estudante de biologia Cláudia Orsini, 21, não pensava em dar aula quando entrou na faculdade. A ideia dela era trabalhar em algum órgão público de fiscalização, como o Ibama.
"Ao começar o estágio obrigatório em uma escola particular, mudei de opinião. Agora quero ser professora", conta Cláudia, que também estagia no Ministério Público Federal.
No caso de Nadine Freire, 24, o gosto pelo magistério veio depois de três anos de formada. Ao voltar da Austrália, começou a dar aula de laboratório ainda sem convicção de que este seria o caminho certo. "Estou feliz com a escolha."


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