São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
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FACULDADE À VISTA

Controle é menor, mas aluno deve ter responsabilidade

Em muitas faculdades, não há chamada, só lista de presença

DA REPORTAGEM LOCAL

Bate-papo em sala de aula não existe. Se na escola o tititi ou brincadeiras com colegas eram toleradas, na universidade, esqueça.
"O aluno que quer conversar não é obrigado a assistir à aula", afirma Jurandyr Luciano Sanches Ross, chefe do departamento de geografia da USP. "Professor de faculdade não fica chamando a atenção de aluno que não respeita a aula. Não estamos lidando com crianças." Essa é uma das mudanças enfrentadas na vida universitária.
Outra é que, em muitas faculdades, a chamada é feita por meio de uma lista, que é passada entre os alunos para que cada um assine. O problema é que muitos alunos que não querem entrar na sala pedem que um colega assine em seu nome. "O nosso pensamento é que quem faz isso é que sai perdendo", afirma Ross. "O que vai acontecer é que, lá na frente, no mercado de trabalho, esse aluno vai estar lascado."
De acordo com o professor, os alunos mais desinteressados -aqueles que não assistem às aulas ou que não leem os textos pedidos pelos professores- são os que costumam largar a graduação no início. No curso de geografia da USP, essa taxa é de cerca de 20% das 170 vagas.
Índice do qual a caloura de geografia Mariana Paoliello, 20, não quer fazer parte. "Estudei bastante para entrar aqui. Agora, acho que vai ser tudo mais liberal, mas vou me esforçar para tirar boas notas", diz. A mãe de Mariana, Angela, confirma a expectativa da filha. Ela se lembra de quando entrou na faculdade: "Meu primeiro ano foi mais de festa, não tinha a pegação no pé dos pais e professores, mas, depois, a gente vê que é preciso ser responsável".
"É normal os calouros terem dúvidas sobre como será a vida pós-escola", afirma Rosane Acedo Vieira, coordenadora pedagógica do ensino médio da escola Viverde, em Bragança Paulista (a 85 km da capital). "Eles ouvem falar sobre o que virá, mas só conhecem mesmo quando entram."
Cinthya Yasuda, 20, está passando por isso. Acabou de entrar no Mackenzie, em engenharia de produção. Chegou na primeira semana de aula, e, como os novos colegas, ficou "meio perdida". "Cada aula é em um prédio", diz ela. "Achei que fossem os professores que mudavam de sala, mas não. É a maior confusão. Ainda estou me acostumando."

Superlotação
Um dos pontos que os calouros estranham em alguns cursos é a quantidade de alunos por sala. Em cursos de universidades públicas, por exemplo, chega a haver mais de 70 estudantes. "O aluno sofre um impacto", diz Ross, da USP.
Já em outras instituições, o número de alunos nas classes não passa de 30, como é o caso da Escola de Educação da Anhembi Morumbi. "O ambiente acaba sendo mais participativo", afirma Sueli Trevisan, coordenadora dos cursos de pedagogia e de letras. "Há uma interação maior entre o aluno e o professor." Outro ponto positivo das salas menores, diz ela, é que, nesses casos, o aluno se sente mais à vontade para fazer perguntas. (LAS)


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