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FACULDADE À VISTA
Controle é menor, mas aluno deve ter responsabilidade
Em muitas faculdades, não há chamada, só lista de presença
DA REPORTAGEM LOCAL
Bate-papo em sala de aula
não existe. Se na escola o tititi
ou brincadeiras com colegas
eram toleradas, na universidade, esqueça.
"O aluno que quer conversar
não é obrigado a assistir à aula",
afirma Jurandyr Luciano Sanches Ross, chefe do departamento de geografia da USP.
"Professor de faculdade não fica chamando a atenção de aluno que não respeita a aula. Não
estamos lidando com crianças."
Essa é uma das mudanças enfrentadas na vida universitária.
Outra é que, em muitas faculdades, a chamada é feita por
meio de uma lista, que é passada entre os alunos para que cada um assine. O problema é que
muitos alunos que não querem
entrar na sala pedem que um
colega assine em seu nome. "O
nosso pensamento é que quem
faz isso é que sai perdendo",
afirma Ross. "O que vai acontecer é que, lá na frente, no mercado de trabalho, esse aluno vai
estar lascado."
De acordo com o professor,
os alunos mais desinteressados
-aqueles que não assistem às
aulas ou que não leem os textos
pedidos pelos professores- são
os que costumam largar a graduação no início. No curso de
geografia da USP, essa taxa é de
cerca de 20% das 170 vagas.
Índice do qual a caloura de
geografia Mariana Paoliello,
20, não quer fazer parte. "Estudei bastante para entrar aqui.
Agora, acho que vai ser tudo
mais liberal, mas vou me esforçar para tirar boas notas", diz. A
mãe de Mariana, Angela, confirma a expectativa da filha. Ela
se lembra de quando entrou na
faculdade: "Meu primeiro ano
foi mais de festa, não tinha a pegação no pé dos pais e professores, mas, depois, a gente vê que
é preciso ser responsável".
"É normal os calouros terem
dúvidas sobre como será a vida
pós-escola", afirma Rosane
Acedo Vieira, coordenadora
pedagógica do ensino médio da
escola Viverde, em Bragança
Paulista (a 85 km da capital).
"Eles ouvem falar sobre o que
virá, mas só conhecem mesmo
quando entram."
Cinthya Yasuda, 20, está passando por isso. Acabou de entrar no Mackenzie, em engenharia de produção. Chegou na
primeira semana de aula, e, como os novos colegas, ficou
"meio perdida". "Cada aula é
em um prédio", diz ela. "Achei
que fossem os professores que
mudavam de sala, mas não. É a
maior confusão. Ainda estou
me acostumando."
Superlotação
Um dos pontos que os calouros estranham em alguns cursos é a quantidade de alunos
por sala. Em cursos de universidades públicas, por exemplo,
chega a haver mais de 70 estudantes. "O aluno sofre um impacto", diz Ross, da USP.
Já em outras instituições, o
número de alunos nas classes
não passa de 30, como é o caso
da Escola de Educação da
Anhembi Morumbi. "O ambiente acaba sendo mais participativo", afirma Sueli Trevisan, coordenadora dos cursos
de pedagogia e de letras. "Há
uma interação maior entre o
aluno e o professor." Outro
ponto positivo das salas menores, diz ela, é que, nesses casos,
o aluno se sente mais à vontade
para fazer perguntas.
(LAS)
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