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      São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003
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Redação do leitor

Dificuldade de organizar idéias compromete texto

THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O candidato começa o texto lastimando a ganância e o egoísmo das pessoas, traços que admite, entretanto, como inerentes à natureza humana. Daí a contradição que vê no clamor dos pacifistas. Como tese, o raciocínio seria polêmico e, para defendê-lo, seria necessário que as demais idéias do texto convergissem para ele, o que não ocorreu.
Mas é depois do arrazoado sobre a condição humana que aborda a questão de fato: a intervenção militar anglo-americana no Iraque em meio às manifestações pacifistas no mundo inteiro. O resultado teria sido melhor se o tema tivesse sido apresentado logo de início.
Segundo a visão do redator, os pacifistas não passam de marqueteiros disfarçados, e as passeatas são apenas um nicho que encontraram para vender seu próprio produto ou autopromover-se. Também aventa a hipótese de serem despeitados por viverem em países menos poderosos que os EUA -e a prova disso seria o apoio que a guerra encontrou nos países da coalizão invasora. O argumento soa pouco consistente.
Se, por um lado, o candidato se mostra preocupado em enxergar os argumentos favoráveis à guerra (a ameaça representada por Saddam Hussein, a necessidade de prevenir novos ataques terroristas), por outro, hesita em posicionar-se a favor da invasão e acaba fazendo o discurso pacifista que condenara por hipócrita.
No parágrafo final, todavia, põe em questão o direito que uma nação teria de intervir na soberania de outra. Essa idéia, uma das mais importantes, aparece como secundária e acaba nem sendo discutida. A questão da natureza egoísta do homem é que poderia ficar em segundo plano, dada a subjetividade que impõe à abordagem de um tema objetivo. Faltou organização adequada das idéias.


Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de português da Folha. E-mail: tnicoleti@folhasp.com.br


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