São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008
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FORA DA CLASSE

Parques, museus e palco viram sala de aula

Escolas preparam alunos para o vestibular com aulas alternativas

Carol Guedes/Folha Imagem
Lorena Duarte, aluna do ensino médio, durante ensaio de teatro

CRISTINA LUCKNER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Imagine um cenário com quadro-negro e giz. Apague tudo. Redesenhe a turma de alunos em uma aula de física num parque de diversões, enquanto aprende sobre gravidade brincando em um elevador em queda livre. No parque, os alunos têm também uma aula de biologia, em que conhecem métodos de reutilização da água.
Para que os alunos obtenham um bom resultado no vestibular, as escolas têm cada vez mais utilizado maneiras não-tradicionais de ensinar.
"É uma forma de os alunos vivenciarem o que eles já aprenderam, de forma lúdica. Teoria e prática se unem num ambiente diferente", diz a coordenadora do ensino médio do colégio Sion, Maria Cristina Figueiredo, 58, sobre a iniciativa da escola de levar os estudantes do terceiro ano do ensino médio para o parque Hopi Hari, no interior de São Paulo.
O passeio é opcional e acompanhado pelos professores de física e biologia, que organizam um roteiro com apostilas e exercícios específicos para a atividade. "Sabemos que, quanto mais recursos utilizarmos, a aprendizagem será mais significativa", diz a coordenadora.
O Sion ainda promove visitas a museus, faz sessões de filmes dentro e fora do colégio e, nas aulas de filosofia, estimula o lado criativo dos alunos, que produzem curtas-metragens baseados nos temas das aulas.
"Os vestibulares, além do conhecimento específico, têm se preocupado com a cultura geral", afirma o diretor do ensino médio do colégio Santa Cruz, Fábio Aidar, 46. Algumas das atividades desenvolvidas pelo colégio envolvem debates com produtores e diretores do cinema nacional e palestras sobre temas como a situação política e econômica do Brasil e o cenário internacional.
Viagens a cidades históricas também fazem parte das atividades. Segundo Aidar, decorar fórmulas e datas de eventos históricos não basta para conseguir uma vaga na faculdade. É preciso compreender o conteúdo. "A leitura sistemática dos jornais tem tanta importância quanto o conhecimento de uma determinada fórmula química", afirma Aidar.

Vida normal
"Às vezes se passa tanto tempo estudando que se perde o contato com a cultura, com a vida normal", afirma a estudante do terceiro ano do colégio Santa Maria, Lorena Duarte, 17, que leva a sério os ensaios do seu grupo de teatro.
De esportes a encontros filosóficos, de sarau literário a debates sobre geopolítica, a candidata à escola de comunicação e artes da USP diz que com isso é possível desenvolver um raciocínio crítico.
Para Lorena, participar de atividades extracurriculares é mais importante do que saber detalhes sobre as sementes e folhas de plantas. "Saber detalhes das monocotiledôneas só vai ser útil na hora da prova."


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