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CARREIRA
Aventura é parte da vida de geólogo
É necessário conhecer química, física e matemática para poder entender o globo terrestre
Leonardo Wen/Folha Imagem
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O estudante de geologia Fernando Valarelli Menezes, 25, observa quartzo no Museu do Instituto de Geociências da USP |
DA REPORTAGEM LOCAL
Embrenhar-se no interior do
Brasil em busca de um solo rico
em minérios ou viável para a
produção de petróleo tem algo
das aventuras de Indiana
Jones, o famoso personagem
dos filmes. Mas é a atividade
do geólogo, que vai ter de acampar em lugares distantes, conhecer populações diferentes e
lidar com a solidão da vida de
pesquisador.
De cara, quem opta por essa
formação vai ter de se dedicar
aos trabalhos de campo -na
USP, já no primeiro ano, eles
são oito. E quem escolhe o curso afirma que a falta de rotina é
um dos pontos altos da opção.
"Trabalhei com eletrônica
durante três anos consertando
celulares. Como eu sempre gostei de viajar, mudei de idéia e
escolhi a geologia", conta Fernando Valarelli Menezes, 25.
Antes de assinalar o curso na ficha de inscrição do vestibular, o
jovem visitou o Instituto de
Geociências (IGc) da USP, se
informou e, logo depois dos
exames, já era aluno. "Foi amor
à primeira vista", brinca.
Hoje, no final do segundo
ano, ele faz parte da empresa
júnior da faculdade -onde ministrou palestras sobre a carreira. Apesar de "ter se encontrado" na geologia, como ele
mesmo diz, Fernando não esconde que o primeiro ano do
curso é árduo. "Tem bastante
exatas, física, química, cálculo.
Foi meio sofrido, mas como conhecia o que vinha depois, enfrentei. O segundo ano é outra
coisa, é prazeroso estudar."
"Diria que a química é a primeira ciência mais importante
no curso, depois a física e a matemática. Temos laboratórios
geoquímicos para entender a
composição dos materiais", explica o diretor do Instituto de
Geociências da UnB, Paulo Meneses. "Também temos muitos
instrumentos para medir profundidade, que necessitam de
conhecimento físico. A matemática é usada porque é preciso
entender os gráficos."
Mas, no segundo ano, com a
base adquirida, o estudante vai
enfrentar mais e mais pesquisas em campo. "O curso é muito
caro por causa disso. Envolve
laboratórios, muito material. E
não dá para ensinar na sala de
aula, então, o próprio curso
custeia as viagens", explica o
professor da USP Paulo Boggiani. "Ao final dos cinco anos, são
quase cem dias em atividade de
campo."
Talvez seja pelo alto custo
que, segundo o Ministério da
Educação, apenas 19 cursos estejam catalogados por todo o
país. A maioria, em instituições
públicas.
O objeto de estudo do geólogo abrange toda a formação do
globo terrestre. Pontos fortes
são o conhecimento das rochas
para mineração, obtenção de
petróleo, estudo de fósseis ou a
busca por água em aqüíferos
subterrâneos (como o Guarani,
uma das maiores reservas de
água subterrânea que, em grande parte, está no Brasil).
O geólogo pode trabalhar
também com um foco mais social, na análise da ocupação de
encostas com o perigo de deslizamentos. Pode ainda monitorar terremotos.
Com o crescimento da indústria de petróleo do país, afirmam os especialistas, a profissão está valorizada e há emprego para quem tem uma formação sólida. Além disso, com os
problemas ambientais como a
contaminação de água, a carreira vem ganhando espaço.
(SIMONE HARNIK)
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