São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 2011 | |
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
HISTÓRIA ROBERSON DE OLIVEIRA roberson.co@uol.com.br Modernização industrial
COM O ENCERRAMENTO do período de oito anos do governo Lula, é seguro afirmar que se agregou uma novidade no processo de modernização industrial no Brasil. Esse processo passou basicamente por três etapas marcantes desde que se afirmou de maneira irreversível, em meados da década de 1950. A primeira etapa, correspondente ao governo JK (1956-1961), caracterizou-se pela implantação de um setor de bens de consumo duráveis organizado em torno da indústria automobilística. A segunda, já em plena ditadura, ficou conhecida como a era do "milagre econômico", em virtude dos elevados índices de crescimento obtidos entre 1968 e 1973. A terceira fase correspondeu ao período do governo Ernesto Geisel (1974-1979). Nessa etapa, agregou-se ao parque industrial brasileiro um segmento de insumos básicos (petroquímica) e de bens de capital. Depois disso, entretanto, o país passou a conviver com elevados índices de endividamento externo e interno, inflação e desigualdade social. As taxas de crescimento real do PIB caíram sensivelmente. Os problemas do endividamento externo e da inflação começaram a ser equacionados no início da década de 1990. Mas o país dependeu em três oportunidades do FMI para estabilizar suas contas externas. Os índices de crescimento caíram ainda mais e o índice de desigualdade pessoal da renda foi reduzido em apenas 2% em oito anos de governo FHC (1995-2002). Numa retrospectiva histórica, os últimos oito anos agregaram uma novidade na medida em que a economia passou a crescer a taxas mais elevadas e estáveis (média de 4% ao ano entre 2003 e 2010), o índice de desigualdade caiu de forma inédita (7,4% em sete anos) e o país se tornou credor externo. A manutenção dessas condições, no longo prazo, poderá levar o país a uma transformação estrutural semelhante à que ocorreu entre 1945 e 1973 nos países precursores da industrialização. Tudo a depender, naturalmente, da economia internacional, que, parece, tem condições de se expandir até o final da década de 2010, quando a economia global estará se aproximando do final de mais uma longa fase de expansão iniciada em meados dos anos 1990. Em geral, seguem-se fases prolongadas de dificuldades e desafios. Até lá, trata-se de extrair desta tendência favorável de longo prazo o máximo de benefícios para os que mais precisam no país. ROBERSON DE OLIVEIRA é professor do colégio Móbile, coautor de "História do Pensamento Econômico" (Saraiva) e autor de "História do Brasil, Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (FTD). Próximo Texto: Os Bixos Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |