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HISTÓRIA
A formação do islamismo no Oriente Médio
CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Enquanto o feudalismo se estruturava na Europa, o Oriente
Médio passava por uma transformação bastante diferente. No século 7º, a península arábica era
habitada por povos que levavam
uma vida nômade, divididos em
tribos, incapazes de constituir
uma federação mais ampla e estável. Ao sul da península, no Iêmen, havia formas de sociedade
mais desenvolvidas, caracterizadas pela vida urbana e pelo comércio, principalmente de produtos vindos do Oriente, que ganhavam o interior da península
por meio de caravanas de camelos, que seguiam até a Síria. Persas, árabes e etíopes disputavam a
posse de pontos essenciais.
Nesse período, Meca tornara-se
um centro comercial importantíssimo, rota de passagem de mercadorias e, portanto, de contato
entre diversas culturas. Esses povos eram politeístas e a religião
absorvia essa realidade, visto que
a fé refletia um pouco de todas as
crenças populares do Oriente.
Outras cidades se desenvolveram
na região, muitas vezes rivais, devido aos interesses comerciais das
grandes famílias de mercadores.
Porém, desde o século 5º, Meca
já era o principal centro urbano
árabe graças às peregrinações a
Caaba. Durante quatro meses ao
ano, suspendiam-se as guerras
entre as tribos para que beduínos
e habitantes das cidades pudessem visitar o templo e cumprir
suas obrigações religiosas. Se
eram politicamente divididos, os
árabes, separados em tribos ou
em cidades independentes, possuíam elementos de unidade, como as práticas religiosas e uma
língua comum.
Coube a Muhammad liderar o
processo de unificação completa
dos povos árabes. Em Medina, já
não é só a pregação de uma fé.
Muhammad organiza uma comunidade dentro dos princípios
islâmicos, cuja lei não está dissociada da fé, já que sua origem é divina. Ao morrer, em 632, ele tinha
deixado uma religião consciente
de sua especificidade, esboçara
um regime social externo e superior à organização social e unificara a Arábia, coisa até então inconcebível.
A unificação árabe completara-se no campo político e religioso ao
mesmo tempo. Para Muhammad,
a centralização era fundamental
para a coesão do povo, ou seja,
para a superação das diferenças
tribais. Na verdade, foi o processo
de expansão que permitiu, em
pouco tempo, a unificação de fato
do mundo árabe e a formação de
um império.
Claudio B. Recco é coordenador do site
www.historianet.com.br e autor do livro "História em Manchete - O Início do
Século"
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