São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 2006
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CARREIRA

Cidade é desafio para arquitetos

Eduardo Knapp/Folha Imagem
A estudante de arquitetura Amanda Antunes, 20, no prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, em São Paulo


Profissionais buscam aliar ciência e tecnologia para solucionar os problemas urbanos

LUIZA DE ANDRADE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O século 21 chegou e trouxe mais uma provocação para a arquitetura. Com a maior parte da população vivendo em áreas urbanizadas, profissionais da nova geração terão de resolver uma equação difícil: cidades infladas, violentas, poluídas, sem transporte e uma busca de qualidade de vida.
O desafio está posto para todos, mas é o ofício que desde a pré-História procura criar abrigo para o homem que pode solucioná-lo. Para o presidente da comissão de graduação da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), da USP, Paulo César Pereira, 58, as cidades são a grande questão contemporânea.
Não se trata apenas de cuidar delas, mas de ajudar a construir a cidadania. "Temos que preservar a civilização e nos preservar da barbárie -não criando muros, mas sim espaços agradáveis de convivência", diz.
Segundo o arquiteto Fernando de Mello Franco, 42, sócio do escritório MMBB, o que diferencia a reflexão da arquitetura neste século é como abrigar a todos em uma realidade de superpopulação, esgotamento e escassez de recursos. "Pensar as cidades é uma das atribuições e tenderá a ser cada vez mais, pois não se pode esquecer que elas são as grandes promotoras de encontros."
Para encontrar soluções, Pereira aposta na fusão entre pesquisa científica e prática profissional. "Percebo uma renovação nas novas turmas, uma vontade de enfrentar os problemas da cidade. Temos que canalizar essa vontade a partir dos instrumentos da ciência."

Curso
Muitos dos que optam pela carreira, entretanto, não conhecem bem o jogo que está na mesa, conforme explica o coordenador do curso de arquitetura e urbanismo da UFMG, César Gualtieri, 58. Ele diz que metade dos alunos chega sem ter certeza sobre o que o arquiteto pode fazer pela sociedade.
Para os que estão dispostos a buscar soluções e a se tornar grandes profissionais, o arquiteto Franco sugere que se faça contatos desde cedo: "É na faculdade que se estabelecem as primeiras parcerias de uma atividade bastante coletiva. Construir as interlocuções futuras é fundamental".
Segundo Ciro Pirondi, 50, diretor da Escola da Cidade -fundada há cinco anos em São Paulo, cujo modelo pedagógico pretende integrar o conhecimento-, o mercado de trabalho carece de arquitetos: "Basta olhar ao redor e constatar o quanto o saber arquitetônico e urbano é necessário".
Gualtieri, da UFMG, concorda, mas pondera que, como em qualquer profissão, não há garantia de emprego.
Esse é uma preocupação para a aluna do segundo ano de arquitetura da USP Amanda Antunes, 20, que diz gostar do curso que escolheu assim que conheceu o prédio da FAU e se "encantou". "As discussões em sala de aula estão aquém do que esperava, mas a faculdade proporciona outros espaços, como o da arte e o da criação." No futuro, ela pensa em trabalhar em um escritório de arquitetura.
Sonho de quase todos, entretanto, esse não é o destino da maioria. "É muito comum que os arquitetos trabalhem na construção civil, na área de planejamento ou tocando obras", afirma Gualtieri.
A contrapartida fica por conta da ampla área de atuação, que envolve tudo o que lida com a dimensão espacial.


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