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QUÍMICA
Bomba atômica é um coquetel de devastação
LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
"Os bebês nasceram normalmente". Ao receber essa
mensagem cifrada, em agosto de
45, o então presidente americano,
Harry S. Truman, sabia: a bomba
atômica estava pronta. Logo o
mundo inteiro saberia também.
As explosões atômicas de
Hiroshima e Nagasaki mataram
instantaneamente 150 mil pessoas. Nos dias seguintes, outros
milhares tiveram manchas na pele, queda de cabelos e gengivas
sangrando. Acabaram morrendo.
Eram os efeitos da radiação.
A explosão de uma bomba atômica produz uma bola de fogo de
1 milhão de graus Celsius e luz que
pode cegar a quilômetros de distância. Além de uma ventania de
mais de 1.000 km/h. Resultado:
destruição total num raio de 10
km do centro da explosão. Minutos depois, devido ao deslocamento de ar gerado pela subida da
bola de fogo, um vento quente
"suga" os destroços em direção à
explosão, formando uma nuvem
de poeira em forma de cogumelo.
Essa devastação é causada por
um fenômeno chamado fissão
nuclear. Na bomba de Hiroshima,
o material que sofreu a fissão era o
urânio-235 (235 é a soma de prótons e nêutrons desse átomo). A
energia liberada na explosão foi
equivalente a 12 mil toneladas de
TNT! Isso acontece porque os núcleos de urânio podem ser partidos ao meio. Nesse processo de
quebra (fissão), há perda de massa e conseqüente produção de
energia, como já previa Einstein
[E (energia) = m (massa) x c2 (velocidade da luz ao quadrado)".
Além do imenso poder explosivo, a detonação de uma bomba
atômica emite radiações nocivas
-alfa(), beta() e gama()-,
vindas de núcleos instáveis formados na fissão do U-235 -como o de bário-140. Essa instabilidade parece ter origem no grande
número de prótons no núcleo
desses átomos. Os prótons, positivos, se repelem, "desmoronando"
o núcleo. É como se fosse uma festa cheia de encrenqueiros (os prótons). A qualquer momento, no
meio de uma briga, alguns são jogados para fora (as radiações e
). Ao lado dessas emissões, está
a onda eletromagnética , a mais
perigosa. Anemia, hemorragia,
náusea e, depois, catarata e câncer, além do nascimento de bebês
doentes e até deformados, são as
conseqüências dessas radiações.
No início deste mês, o presidente do Paquistão afirmou que, se
necessário, poderá usar seu arsenal nuclear contra a Índia no conflito da Caxemira. Quem perdeu o
filme de 1945 talvez possa assistir
a uma reprise. Infelizmente.
Luís Fernando Pereira é professor do curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail: lula5@ig.com.br
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