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      São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003
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FÍSICA

O corpo humano e a física: parte 1

TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os vestibulares têm exigido com bastante freqüência dos candidatos a capacidade de solucionar situações que exploram a transversalidade entre as disciplinas. A física e a biologia, por exemplo, podem se relacionar em questões que envolvam desde correções no desalinhamento dos dentes ou a óptica da visão e suas ametropias até o estabelecimento dos limites do nível sonoro (decibéis) que podemos suportar.
Um exemplo dessa interdisciplinaridade é o efeito fisiológico que a corrente elétrica provoca sobre nós. Apesar de o corpo humano não ser tão bom condutor quanto os metais, os choques elétricos nos provocam efeitos que vão desde um leve formigamento, para correntes elétricas até 10 mA (mili = 10-3), até queimaduras e parada cardíaca, para valores compreendidos de 200 mA a 3A.
Esses valores variam de pessoa para pessoa e também dependem de vários fatores, como a voltagem e a resistência elétrica dos diferentes caminhos que a corrente elétrica pode percorrer pelo corpo e as condições da pele. Quando estamos molhados, oferecemos uma resistência menor e, portanto, a corrente elétrica pode ser perigosamente mais alta, mesmo para pequenos valores de tensão.
A hidrodinâmica, parte da física que estuda as propriedades dos fluidos (líquidos ou gases) em movimento, pode auxiliar na compreensão de problemas como o infarto do miocárdio e o derrame. Sabemos que, quando um líquido escoa por um tubo, como as artérias, o volume de fluido que passa em um certo intervalo de tempo deve ser o mesmo. Assim sendo, o produto da área (A) pela velocidade (V) com que o fluxo escoa nas diferentes regiões do vaso condutor deve ser constante. A partir da expressão: A1.V1 = A2.V2, conhecida como equação de continuidade, podemos concluir que, quando um fluido se desloca em um mesmo tubo, a velocidade de propagação será maior quanto menor for a área do condutor. A velocidade do sangue na parte normal de uma artéria é de aproximadamente 50 cm/s. Se houver uma obstrução em 30% de seu diâmetro, devido à formação de coágulos ou ao depósito de gordura em suas paredes, a velocidade do sangue nessa região aumentará para cerca de 100 cm/s. Se esse bloqueio for muito acentuado, principalmente nas artérias que irrigam o coração, a área à sua frente deixará de receber oxigênio, podendo ocasionar o infarto. Na próxima coluna, voltaremos ao assunto. Até lá!


Tarso Paulo Rodrigues é professor e coordenador de física do Colégio Augusto Laranja


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