|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FÍSICA
O corpo humano e a física: parte 1
TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Os vestibulares têm exigido com
bastante freqüência dos candidatos a capacidade de solucionar
situações que exploram a transversalidade entre as disciplinas. A
física e a biologia, por exemplo,
podem se relacionar em questões
que envolvam desde correções no
desalinhamento dos dentes ou a
óptica da visão e suas ametropias
até o estabelecimento dos limites
do nível sonoro (decibéis) que podemos suportar.
Um exemplo dessa interdisciplinaridade é o efeito fisiológico
que a corrente elétrica provoca
sobre nós. Apesar de o corpo humano não ser tão bom condutor
quanto os metais, os choques elétricos nos provocam efeitos que
vão desde um leve formigamento,
para correntes elétricas até 10 mA
(mili = 10-3), até queimaduras e
parada cardíaca, para valores
compreendidos de 200 mA a 3A.
Esses valores variam de pessoa
para pessoa e também dependem
de vários fatores, como a voltagem e a resistência elétrica dos diferentes caminhos que a corrente
elétrica pode percorrer pelo corpo
e as condições da pele. Quando
estamos molhados, oferecemos
uma resistência menor e, portanto, a corrente elétrica pode ser perigosamente mais alta, mesmo
para pequenos valores de tensão.
A hidrodinâmica, parte da física
que estuda as propriedades dos
fluidos (líquidos ou gases) em
movimento, pode auxiliar na
compreensão de problemas como
o infarto do miocárdio e o derrame. Sabemos que, quando um líquido escoa por um tubo, como
as artérias, o volume de fluido que
passa em um certo intervalo de
tempo deve ser o mesmo. Assim
sendo, o produto da área (A) pela
velocidade (V) com que o fluxo
escoa nas diferentes regiões do
vaso condutor deve ser constante.
A partir da expressão: A1.V1 =
A2.V2, conhecida como equação
de continuidade, podemos concluir que, quando um fluido se
desloca em um mesmo tubo, a velocidade de propagação será
maior quanto menor for a área do
condutor. A velocidade do sangue
na parte normal de uma artéria é
de aproximadamente 50 cm/s. Se
houver uma obstrução em 30%
de seu diâmetro, devido à formação de coágulos ou ao depósito de
gordura em suas paredes, a velocidade do sangue nessa região aumentará para cerca de 100 cm/s.
Se esse bloqueio for muito acentuado, principalmente nas artérias que irrigam o coração, a área
à sua frente deixará de receber
oxigênio, podendo ocasionar o
infarto. Na próxima coluna, voltaremos ao assunto. Até lá!
Tarso Paulo Rodrigues é professor e
coordenador de física do Colégio Augusto Laranja
Texto Anterior: Português: Para escrever bem, é preciso pensar de maneira organizada Próximo Texto: Geografia: A interpretação dos gráficos Índice
|