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CURSINHOS
Organizar estudo é o maior benefício do cursinho
Pedagogo alerta que modelo só dá certo se aluno também estudar em casa
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Gislaine decidiu encarar as
aulas de cursinho porque quer
entrar em direito na USP. Renata, não: para tentar vaga em
veterinária em universidade
pública, ela estuda em casa.
Qual o melhor método? O
Fovest ouviu especialistas e
conversou com alunos. E a resposta é... depende. Se o vestibulando for organizado e tiver
boa formação escolar, tem
chances de passar sozinho; caso contrário, precisa de ajuda.
"Cursinho não é bom nem
ruim. É um recurso adequado
para aqueles aos quais faltou
conteúdo [no ensino médio]",
diz o psicoterapeuta e consultor vocacional Leo Fraiman.
Segundo ele, a receita de sucesso no vestibular começa cedo, com um bom rendimento
no ensino fundamental e, mais
tarde, no médio. Ter hábito de
ler e de estudar ajuda bastante.
Crítico do modelo, o pedagogo Silvio Bock afirma que cursinho "molda" o aluno especificamente para o vestibular e
não o prepara de fato. "O cursinho é uma anomalia do sistema. Se fosse tão bom a ponto de
dar em um ano todo o conhecimento que o colégio não consegue dar em três, teríamos a resposta para o ensino médio."
Há outro problema, diz: pré-vestibulares exigem também
um ritmo intenso de estudos
fora da sala de aula. "Por si só, o
cursinho não adianta nada."
Se há um mérito, disse ele, é
o de organizar o estudo do aluno, "ao reproduzir um pouco o
sistema escolar, com cobranças, lição de casa".
"O aluno pode estudar sozinho? Pode. Mas vai precisar de
alguma base e de muita disciplina, o que a maioria não tem."
Diretor do COC, Tadeu Terra
afirma que é "inquestionável" o
resultado obtido pelos cursinhos, que, segundo ele, organizam e roteirizam o estudo,
além de "potencializar" o rendimento do aluno. "Nos cursos
mais concorridos, é quase inexistente a aprovação de quem
não tenha feito ao menos um
ano de cursinho."
Na USP, 54% dos alunos fizeram cursinho; em medicina,
um dos cursos mais disputados, o índice sobe para 71%.
Necessidade
Para Gislaine Tartuci da Silva, 19, aluna de escola pública a
vida toda, fazer cursinho foi necessidade. "O conteúdo no ensino médio é insuficiente para
ter acesso à universidade." Ela
está há um ano e meio no cursinho do XI de Agosto, no centro.
Já para Renata Haddad, 17,
no terceiro ano de uma escola
particular, o clima de "competição" do cursinho era tudo o
que ela não queria. "Escolhi o
meu bem-estar. Cursinho com
colégio é muito puxado. E em
casa eu posso estudar a hora em
que quiser, sem aquela pressão
de cursinho."
Ela pegou emprestado da prima apostilas de cursinho e estabeleceu um cronograma de estudos até outubro. A cada dia,
estuda cerca de cinco horas. As
dúvidas, Renata tira no colégio.
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