São Paulo, terça-feira, 21 de julho de 2009
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CURSINHOS

Organizar estudo é o maior benefício do cursinho

Pedagogo alerta que modelo só dá certo se aluno também estudar em casa

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Gislaine decidiu encarar as aulas de cursinho porque quer entrar em direito na USP. Renata, não: para tentar vaga em veterinária em universidade pública, ela estuda em casa.
Qual o melhor método? O Fovest ouviu especialistas e conversou com alunos. E a resposta é... depende. Se o vestibulando for organizado e tiver boa formação escolar, tem chances de passar sozinho; caso contrário, precisa de ajuda.
"Cursinho não é bom nem ruim. É um recurso adequado para aqueles aos quais faltou conteúdo [no ensino médio]", diz o psicoterapeuta e consultor vocacional Leo Fraiman.
Segundo ele, a receita de sucesso no vestibular começa cedo, com um bom rendimento no ensino fundamental e, mais tarde, no médio. Ter hábito de ler e de estudar ajuda bastante.
Crítico do modelo, o pedagogo Silvio Bock afirma que cursinho "molda" o aluno especificamente para o vestibular e não o prepara de fato. "O cursinho é uma anomalia do sistema. Se fosse tão bom a ponto de dar em um ano todo o conhecimento que o colégio não consegue dar em três, teríamos a resposta para o ensino médio."
Há outro problema, diz: pré-vestibulares exigem também um ritmo intenso de estudos fora da sala de aula. "Por si só, o cursinho não adianta nada."
Se há um mérito, disse ele, é o de organizar o estudo do aluno, "ao reproduzir um pouco o sistema escolar, com cobranças, lição de casa".
"O aluno pode estudar sozinho? Pode. Mas vai precisar de alguma base e de muita disciplina, o que a maioria não tem."
Diretor do COC, Tadeu Terra afirma que é "inquestionável" o resultado obtido pelos cursinhos, que, segundo ele, organizam e roteirizam o estudo, além de "potencializar" o rendimento do aluno. "Nos cursos mais concorridos, é quase inexistente a aprovação de quem não tenha feito ao menos um ano de cursinho."
Na USP, 54% dos alunos fizeram cursinho; em medicina, um dos cursos mais disputados, o índice sobe para 71%.

Necessidade
Para Gislaine Tartuci da Silva, 19, aluna de escola pública a vida toda, fazer cursinho foi necessidade. "O conteúdo no ensino médio é insuficiente para ter acesso à universidade." Ela está há um ano e meio no cursinho do XI de Agosto, no centro.
Já para Renata Haddad, 17, no terceiro ano de uma escola particular, o clima de "competição" do cursinho era tudo o que ela não queria. "Escolhi o meu bem-estar. Cursinho com colégio é muito puxado. E em casa eu posso estudar a hora em que quiser, sem aquela pressão de cursinho."
Ela pegou emprestado da prima apostilas de cursinho e estabeleceu um cronograma de estudos até outubro. A cada dia, estuda cerca de cinco horas. As dúvidas, Renata tira no colégio.


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